A Câmara dos Deputados realizou nesta terça-feira (14) uma comissão geral para debater com o presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, a escalada nos preços dos combustíveis no país e a situação da operação das termelétricas, frente a ameaça de crise energética e a possibilidade de um novo apagão.

Críticas ao aumento desenfreado no preço dos combustíveis foi a tônica do debate. Deputados de diversos partidos cobraram uma mudança na política de preços da estatal, que desde 2016 acompanha a variação do valor do barril de petróleo no mercado internacional e do dólar.

Para a deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC), que representou a Bancada do partido na comissão geral, as dificuldades impostas aos brasileiros vêm da mudança dessa rumo na Petrobras, quando a "empresa, que sempre pensou no desenvolvimento nacional, passou a adotar uma política que interessava aos acionistas minoritários e ao capital estrangeiro, menos ao Brasil".

"Anunciaram, com todo estardalhaço, uma nova política intitulada como Preço de Paridade de Importação, a PPI, que é exatamente esse novo conceito, que, na prática, adota uma política de preços de curto prazo, mas que submete a empresa a especulações financeiras sobre o preço do petróleo e do dólar no mercado internacional", denunciou.

Perpétua criticou a nova política de preços, lembrando que durante a campanha presidencial Jair Bolsonaro prometeu que iria baixar o preço do gás de cozinha. "Mentiu quando ele não mudou essa política. Disse que iria baixar o preço da gasolina. Ele também mentiu quando não teve coragem de mudar essa política", disse.

Como resultado da política de paridade internacional, a gasolina acumula alta de preço de 31,1% somente entre janeiro e agosto deste ano, contra uma inflação geral de 5,7% (IPCA). Segundo o IBGE, o diesel e gás de cozinha (GLP) também concentram altas (28% e 23,8%, respectivamente). O valor dos combustíveis também impacta a geração das usinas termelétricas movidas a gás natural e óleo diesel, que precisam ser acionadas para compensar a redução de potência nas hidrelétricas por conta da seca.

Mesmo entre deputados governistas, houve questionamentos sobre a política de preços praticada atualmente pela empresa. Diante das críticas, o presidente da Petrobras não chegou a fazer uma defesa da paridade internacional. Alegou apenas que as regras atuais permitiram que a estatal recuperasse o lucro, que foi de R$ 42,8 bilhões no 2° trimestre de 2021.

O deputado Danilo Forte (PSDB-CE), autor do requerimento para a realização do debate, afirmou que a regra atual prejudica o país, que vive uma tripla crise (energética, econômica e sanitária).