Após o protocolo do primeiro pedido coletivo de impeachment contra Jair Bolsonaro (sem partido) nesta quinta-feira (21), deputados do PCdoB afirmaram a importância de a Câmara instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as denúncias feitas pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro contra o presidente. A legenda foi uma das que entrou com pedido para formação do colegiado para apurar, entre outras coisas, as denúncias sobre a interferência política de Bolsonaro na Polícia Federal, delatadas por Moro quando anunciou seu desembarque do governo.

Para os parlamentares do PCdoB, as investigações feitas pela CPI são essenciais para a formação de uma maioria política na Casa para aprovação do processo de impeachment de Bolsonaro.

“Há uma imensa densidade técnica que embasa o pedido de impeachment que apresentamos. Isso tira dele uma parcialidade ideológica, pois explica o que são os crimes desse chefe de Estado. Mas nesse momento, além de criarmos essa segurança jurídica, precisamos construir maioria política. Para isso, precisamos da CPI para investigar e aprofundar as denúncias contra Bolsonaro. Assim, a bandeira do #ForaBolsonaro ganhará mais força dentro do Parlamento e na sociedade”, afirmou a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ).

Para o deputado Renildo Calheiros (PCdoB-PE), o Congresso não pode ficar apenas assistindo aos desmandos de Bolsonaro e às denúncias que crescem a cada dia contra ele e seu governo. “O Congresso precisa se debruçar sobre esse processo, ajudar na investigação, ajudar no esclarecimento dos fatos, para comprovar a tese dos que acham que o presidente cometeu crime de responsabilidade e para dar a ele e aos que o defendem a oportunidade de mostrar que esses crimes não foram cometidos. A importância da CPI é permitir o esclarecimento dos fatos. No nosso entender, isso irá mostrar à sociedade brasileira a gravidade dos crimes já cometidos pelo presidente da República e irá ajudar a formar uma ampla maioria dentro do Congresso Nacional para salvar o Brasil e tirar o país dos riscos que ele está correndo”, afirmou o parlamentar.

Esta também foi a linha de raciocínio defendida pela líder da legenda, deputada Perpétua Almeida (AC), durante a coletiva da manhã desta quinta para anúncio do protocolo do pedido de impeachment feito por sete partidos e mais de 400 entidades. “Bolsonaro não cuida da população, não cuida da economia. Sua preocupação é apenas impedir investigações. Por isso, o Congresso precisa imediatamente instalar uma CPI para então a gente caminhar para um pedido de impeachment”, destacou.

Impeachment legal e necessário

Os parlamentares destacaram ainda que saída de Bolsonaro impedirá que ele “afunde” o país. A deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) lembrou que depois de um impeachment fraudulento sofrido pela ex-presidente Dilma Rousseff, desta vez, há graves indícios de crimes cometidos pelo presidente, o que torna este processo “legal e necessário”.

“Nós estamos testemunhando um momento histórico. Após um impeachment fraudulento e a ascensão da extrema direita ao governo, verificamos que tudo o que se dizia era uma falácia. A economia vai mal, o Bolsonaro pratica a necropolítica e os nossos juristas nos deram os argumentos técnicos para que possamos a partir disso construir maioria e chegarmos a esse afastamento necessário e legal, na medida em que o cometimento de crimes é evidente. Queremos o #ForaBolsonaro”, afirmou.

O vice-líder da bancada, deputado Márcio Jerry (MA), reiterou a afirmação da correligionária. Para ele, o “pedido de impeachment de Bolsonaro passou a ser uma exigência democrática inadiável, dados os sucessivos crimes de responsabilidade por ele cometidos e o escárnio com que trata tais crimes”.

A decisão da legenda de somar forças ao movimento que pede o afastamento de Bolsonaro também foi elogiada pelo deputado Orlando Silva (SP). Para ele, “o impeachment do presidente da República ganhou uma força incrível a partir dessa ação dos partidos de esquerda”.

Com este, já são 36 pedidos de impeachment protocolados na Câmara e que aguardam análise do presidente da Casa, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ).