O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, compareceu nesta quarta-feira (9) na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara para prestar esclarecimentos sobre o aumento do desmatamento na Amazônia.

Como de praxe, em vez de falar das ações governamentais para conter as queimadas que ganharam repercussão no mundo inteiro, Salles voltou a atacar o PT. O ministro afirmou que os dados históricos, seja de desmatamento ou de queimadas, de governos anteriores são piores do que os dados de 2019 até o momento.

Durante pouco mais de três horas, Salles repetiu exaustivamente a tese de que o governo atual tem tomado medidas necessárias e que defende o desenvolvimento sustentável da região. A falta de ações efetivas no combate ao desmatamento e o incentivo “às más condutas ambientais” por parte do governo federal já renderam, por exemplo, a perda de recursos recebidos pelo país. A Alemanha suspendeu o repasse de R$ 155 milhões para projetos de preservação ambiental e a Noruega também anunciou bloqueio de R$ 133 milhões destinados ao Fundo Amazônia.

A retórica, no entanto, não colou entre parlamentares oposicionistas. Salles foi duramente criticado e chegou a receber um troféu durante a audiência de um manifestante. O troféu “Exterminador do Futuro” foi dado ao ministro por conta do desmatamento acelerado no país. Até agosto, a devastação da Amazônia chegou a 6.404,8 quilômetros quadrados, um aumento de 92%, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

A líder da Minoria, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), foi uma das parlamentares que reforçou o coro contra a “política ambiental” do governo Bolsonaro. Ela afirmou que chama a atenção o uso dos dados pelo governo.

“Não me surpreendo mais com as declarações do ministro Ricardo Salles, pois combina com esse governo. Mas os o que me chama atenção é que os dados oficiais do governo são utilizados para criticar os governos anteriores, mas não para olhar as ações do governo atual. Não adianta a negação dos dados. Nos chama a atenção o desmonte das políticas do Ibama, como o Prevfogo, por exemplo, o aumento de garimpos ilegais, sem um combate, pelo menos, explícito por parte do governo. O “Dia do Fogo” nós não sabemos se foi apurado ou não. O que de fato aconteceu. Os cortes no ICMBio, ou quais medidas foram adotadas na contingência do óleo nas praias do Nordeste”, afirmou. “Fico me perguntando se vocês se dão conta da gravidade do que está acontecendo. O senhor se mantém em condições de ocupar a cadeira que está?”, indagou Jandira.

A parlamentar reforçou que não interessa um “desenvolvimento” a qualquer custo. “Colocar em risco a existência dos povos indígenas e fazer a Floresta Amazônica queimar não vem em benefício da população da Amazônia. O desenvolvimento da região deve vir de forma sustentável”, pontuou.

Óleo no Nordeste

Salles declarou que a origem do vazamento de petróleo em todo o litoral do Nordeste seria um “navio estrangeiro”, mas não citou, porém, nenhum outro detalhe sobre o assunto. “Esse óleo veio de um navio estrangeiro, ao que tudo indica”, disse.

O poluente já foi identificado em mais de 130 pontos no litoral nordestino. Apesar de as primeiras manchas terem sido avistadas em setembro, apenas essa semana o governo federal pediu investigações da origem das manchas e criou um gabinete de crise para acompanhar a situação.