A Comissão de Cultura da Câmara de Deputados aprovou, nesta quarta-feira (2), a divulgação de uma moção de repúdio contra os recentes ataques do dramaturgo e diretor do Centro de Artes Cênicas da Funarte, Roberto Alvim, a Fernanda Montenegro.

O documento ressalta importância da atriz no cenário cultural brasileiro. “Fernanda Montenegro, ao longo de seus mais de 70 anos de carreira no teatro, no cinema e na televisão, se consolidou como uma das maiores atrizes, considerada um dos patrimônios da cultura brasileira. De trajetória reconhecida e admirada no mundo todo, foi a única atriz do país a ser indicada ao Oscar e a vencer o Emmy. O nome de Fernanda Montenegro já está gravado na história das artes brasileiras. É inaceitável que um dirigente do Poder Executivo, justamente do principal órgão responsável pela relação com a classe artística, profira críticas ofensivas e levianas com a atriz e contra qualquer membro da comunidade cultural. Por fim, esta Comissão registra o repúdio às declarações de Roberto Alvim contra o conjunto dos trabalhadores das artes e a sua recusa em dialogar com os artistas. No sistema democrático não cabe a qualquer agente público se negar a dialogar com a sociedade civil, tampouco se utilizar dos espaços que ocupa para promover uma ideologia e perseguir outras”, descreve o texto aprovado à revelia de deputados aliados do governo Bolsonaro.

No final de setembro, após posar para a capa da revista literária Quatro cinco um como uma bruxa sendo queimada em uma fogueira de livros, Fernanda Montenegro se tornou alvo do diretor do Centro de Artes Cênicas da Funarte. Em uma publicação no Facebook, Roberto Alvim afirmou que a atriz era “sórdida” e “mentirosa, além de dizer que tem “desprezo” por ela. Ele considerou a imagem danosa para o Brasil e um ataque ao governo federal, no qual afirma estar por alinhamento político e religioso.

Para a líder da Minoria, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), uma das autoras da moção de repúdio, a aprovação do documento é o mínimo que o colegiado poderia fazer para reparar os ataques de Alvim. Para ela, o colegiado deveria se unir e pedir a exoneração do diretor da Funarte.

A aprovação, no entanto, não foi unanimidade. Aliados de Bolsonaro tentaram impedir o avanço do texto, mas foram vencidos no voto.

“Essa moção é o mínimo. Não sei porque tanto apego a esse Roberto Alvim. Não é possível que alguém que é diretor de Artes Cênicas chamar Fernanda Montenegro de sórdida. Esse cidadão não pode sequer estar neste cargo, deveria ser demitido. Essa moção é o mínimo que podemos fazer. Proponho que marquemos uma audiência com o ministro para pedir a exoneração desse sujeito que agrediu essa heroína da arte brasileira”, defendeu Jandira.