A volta do fogareiro a carvão e do fogão a lenha, devido à nova política da Petrobras de reajustes quase diários em função do preço no mercado internacional, maltrata e coloca em risco as famílias de brasileiros que não podem mais pagar pelo gás de cozinha. A crítica, feita pelo deputado Chico Lopes (PCdoB-CE), vai ao encontro dos últimos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

De acordo com os dados divulgados no final de abril, a utilização do carvão ou lenha em substituição ao gás subiu de 16,1% para 17,6%. Segundo o levantamento, mais 1,2 milhão de brasileiros deixaram de utilizar o gás de cozinha em 2017 e o percentual maior se encontra na região Nordeste. Ali, mais de 400 mil lares deixaram de fazer uso do gás de cozinha. O índice de uso destes combustíveis para cozinhar passou de 22,1% para 24,1% dos domicílios nordestinos. No ano passado, o gás de cozinha subiu 16%, mais de cinco vezes acima da inflação oficial.

Chico Lopes vem alertando para o problema desde o final de 2017, quando realizou uma audiência pública na Câmara dos Deputados sobre o tema. Na ocasião, diante da cobrança feita pelo parlamentar, os representantes da Petrobras prometeram que a empresa revisaria a política de preços do gás de cozinha, diante das fortes críticas e do imenso impacto social dos vários reajustes do botijão.

Para Chico Lopes (PCdoB-CE), a realidade das famílias que não conseguem mais pagar pelo gás de cozinha e voltaram ao fogareiro ou ao fogão a lenha é exemplo das consequências desastrosas do governo Temer sobre o povo brasileiro.

"Além de congelar investimentos sociais, inclusive em saúde e educação, infraestrutura e segurança, por 20 anos, além de cortar direitos trabalhistas, de entregar o pré-sal para estrangeiros, de ameaçar a Previdência, o desgoverno Temer, que prometeu resolver tudo da economia em pouco tempo, apenas ampliou o desemprego, a recessão, a desesperança do povo brasileiro."

O Ceará, estado de origem do parlamentar, é o que possui a segunda maior tarifa do Nordeste, atrás apenas de Sergipe, conforme levantamento da Agência Nacional de Petróleo. Segundo os dados da Pnad, 23,4% dos lares cearenses passaram a usar carvão e lenha para cozimento de alimentos.

"Esse caso do gás de cozinha é escandaloso. Tornou-se um produto inacessível a muitos brasileiros. Isso é uma tragédia para o nosso povo mais pobre, e expõe as famílias, inclusive idosos e crianças, a alto risco de queimaduras e até incêndio", criticou.

Próximos passos

O deputado afirmou que entrará com novos requerimentos de convocação à Petrobras e à Agência Nacional de Petróleo, bem como à Secretaria Nacional do Consumidor, do Ministério da Justiça, para cobrar providências e redução do preço do gás de cozinha.