Desigualdade salarial, falta de oportunidades, níveis de escolaridade mais baixos, violência. Esses são alguns indicadores que apontam o tamanho do racismo e da desigualdade racial no Brasil. Na semana em que se comemora o Dia da Consciência Negra (20 de novembro), deputados comunistas reafirmaram a importância da luta contra o racismo e a promoção de oportunidades para a população negra.

Em sessão solene realizada nesta terça-feira (19) na Câmara, políticos e convidados ressaltaram as dificuldades que ainda precisam ser enfrentadas para superar a desigualdade racial no Brasil.

Para o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), o Brasil possui uma dívida histórica com os negros. “Ela é presente e vai muito além do plano social, econômico e material. Enquanto não enfrentarmos esse déficit de saúde, de oportunidades, educação, emprego, renda, vamos ficar com esse eco muito forte. E isso penetra em outros planos da vida: o da violência, o simbólico”, afirmou.

Segundo ele, é preciso ainda reafirmar a importância das políticas afirmativas, como a política de cotas. De acordo com Orlando Silva, o governo Bolsonaro vem, sistematicamente, destruindo direitos da população, o que afeta ainda mais a população negra.

“Essa política está na mira dessa política de destruição de direitos encampada por este governo. A política de cotas, por exemplo, precisa ser avaliada de tempos em tempos, mas o governo não está fazendo a avaliação dessas cotas. Até para deslegitima-las. Mas as políticas afirmativas têm que servir para que a gente tenha afrodescendentes nos lugares de mando, de poder”, disse.

Para ele, apesar de a consciência da sociedade brasileira ter aumentado, ainda é preciso garantir debate e luta para o enfrentamento do racismo no país. “Esse precisa ser um debate central, que una forças. Precisamos combater o racismo institucional que sabemos que existe em nosso país”, afirmou.

Homenagem a Zumbi

O Dia Nacional da Consciência Negra foi instituído oficialmente pela Lei 12.519/11 com o objetivo de homenagear o Herói da Liberdade, Zumbi dos Palmares, que se tornou o mártir contra a Escravidão no Brasil.

Zumbi, um dos principais nomes da resistência negra na luta contra a escravidão, foi assassinado em 1965 no Quilombo de Palmares, território ocupado por africanos escravizados, indígenas e brancos pobres, que se rebelaram contra o jugo autoritário dos colonizadores.

O líder da bancada comunista, Daniel Almeida (PCdoB-BA), afirmou que a data é “um momento de “rememorar a trajetória de luta de Zumbi para continuarmos condenando qualquer tipo de discriminação”. “Não há democracia sem a superação dessas discriminações de caráter racial”, afirmou.