Em audiência pública na Comissão de Relações Exteriores da Câmara (CREDN) nesta quarta-feira (13), deputados receberam o ministro da pasta, Aloysio Nunes Ferreira, para falar sobre as prioridades da política externa brasileira para 2018.

Dentre outros pontos, o ministro afirmou que o Brasil mantém diálogos com a Venezuela e ofereceu ao vizinho cooperação em vigilância epidemiológica e participação no programa de segurança de fronteiras.

Durante a audiência, a deputada Jô Moraes (PCdoB-MG), que integra o colegiado, disse que fica satisfeita por, na condição de ministro de Estado, Nunes ter alterado suas opiniões e convicções sobre algumas questões como a Venezuela.

“É muito bom ouvir o possível anúncio de um acordo de fronteiras com o país. Respeitamos a individualidade e a liberdade dos povos, prevista e defendida na nossa Constituição, mas essa construção de parceria em um movimento e em um momento de grande instabilidade geopolítica é a posição correta”, defendeu.

Mas a parlamentar questionou uma série de outros posicionamentos do governo brasileiro quanto a questões estrangeiras, como o apoio do Brasil à entrada da Colômbia na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), o que para os comunistas, é algo que não se relaciona com o país.

“As operações militares da Colômbia não devem estar ao nosso alcance. Nosso continente quer continuar em paz, sem precisar de tropas estrangeiras ou enviá-las”, argumentou.

Jô Mores também pontuou que o governo brasileiro ficou “um pouco paralisado” quanto à decisão do presidente norte-americano Donald Trump de sobretaxar o aço e o alumínio brasileiro. Para ela, “não poderíamos ter ficado calados”.

Ao final da audiência, a deputada ainda propôs ao ministro Aloysio Nunes a construção de uma espécie de documento no qual fossem discutidos os pressupostos para estabelecer um acordo de salvaguarda tecnológico relativo à base de Alcântara, algo que interessasse primeiramente ao Brasil.

“Nós devemos defender o uso comercial do centro de lançamento de Alcântara. Me assusta quando embaixadores brasileiros vão falar sobre essas questões diretamente nos Estados Unidos. Temos que pensar primeiro na soberania nacional, no que interesse a nós enquanto nação. A partir daí, sim, discutir com todos os países. Nós não podemos começar dizendo que o uso comercial estará sob controle e hegemonia das norte-americanos”, enfatizou Jô. 

O governo federal tem sinalizado avanço nas negociações entre Brasil e Estados Unidos sobre a utilização da Base de Alcântara, localizada no estado do Maranhão. Fundamental para o desenvolvimento tecnológico espacial no lançamento de foguetes, a entrega desenfreada da estação representa grave ameaça.

Com visita marcada ao Itamaraty para o final de junho, o vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, deve dar celeridade em acordos de cooperação entre os dois países. Entre os temas da conversa com o chanceler Aloysio Nunes Ferreira (PSDB), o ponto central será a base de lançamento de foguetes que tem caráter estratégico para as áreas de defesa e tecnologia.