Nesta quarta-feira (18), foram divulgadas gravações que mostram o senador Aécio Neves pedindo R$ 2 milhões a Joesley Batista, dono do grupo JBS. A quantia solicitada pelo tucano serviria para pagar sua defesa na Operação Lava Jato.

O Procurador-Geral da República (PGR), Rodrigo Janot, chegou a pedir a prisão do presidente nacional da legenda. Mas o relator da Lava Jato, Edson Fachin, afirmou que a análise do caso será feita pelo plenário da Corte nesta quinta-feira (19), se a PGR recorrer da decisão do ministro do STF.

No trecho divulgado para a imprensa, o senador trata de como será feita a entrega do dinheiro. "Se for você a pegar em mãos, vou eu mesmo entregar. Mas, se você mandar alguém de sua confiança, mando alguém da minha confiança", teria afirmado Aécio.

Mais adiante, o tucano diz: “Tem que ser um que a gente mata ele antes de fazer delação. Vai ser o Fred com um cara seu. Vamos combinar o Fred com um cara seu porque ele sai de lá e vai no cara”. O nome citado seria de Frederico Pacheco de Medeiros, primo do senador, que coordenou sua campanha em 2014.

Para a deputada Jô Moraes (PCdoB-MG), o presidente do PSDB utilizou métodos “absolutamente antidemocráticos e inaceitáveis”. “Esta é a visão da sigla que visa manter os privilégios da elite nacional e do sistema financeiro. Não imaginávamos que estes mecanismos seriam usados para golpear a democracia. Minas está chocada”, afirma.

As denúncias contra o senador Aécio Neves “ferem a memória de Tancredo Neves e seu compromisso com a democracia”, acrescenta a deputada mineira.

Agentes da Polícia Federal prenderam a irmã de Aécio nesta quinta-feira, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O primo do senador e de Andrea, Frederico Pacheco de Medeiros, também foi detido na Grande BH. Há suspeita de que ela tenha pedido dinheiro ao empresário Joesley Batista, dono do grupo JBS, em nome do irmão.

Nesta manhã, a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão nos gabinetes de Aécio e de Zezé Perrela (PMDB-MG) no Senado. De acordo com o Ministério Público Federal, o filho do senador peemedebista recebeu dinheiro fruto de propina repassada ao primo de Aécio Neves.

De acordo com o secretário-geral do PSDB, deputado federal Silvio Torres (SP), a permanência do senador na presidência do partido se torna “inviável” diante das denúncias. A bancada tucana se reuniu no final da manhã para discutir o futuro de Aécio.