Num discurso de improviso nesta terça-feira (1º) a um grupo de garimpeiros, na entrada do Palácio do Planalto, Bolsonaro disse que o interesse de outros países não é na Amazônia, no índio e “nem na porra da árvore”, é no minério.

Para a deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC), a fala dele não encontra eco na realidade, pois quem não está preocupado com índios e a Amazônia é o próprio presidente.

“O Bolsonaro diz que os países não estão preocupados com índios e nem com a Amazônia, pelo visto o presidente do Brasil também não. Até hoje ele não fez nenhum pronunciamento da defesa do povo da Amazônia, na defesa dos povos indígenas e ribeirinhos. Esse não é o público que agrada a Bolsonaro”, disse a deputada.

Além da fala destrambelhada, Bolsonaro voltou a atacar o cacique Raoni Metuktire.

"O interesse na Amazônia não é no índio nem na porra da árvore, é no minério. O Raoni fala pela aldeia dele, fala como cidadão, [mas] não fala por todos os índios, não. É outro que vive tomando champanhe em outros países por aí", disse.

Para a deputada, o ataque a Raoni é um desrespeito a todo o povo indígena que vem resistindo a séculos a invasão de suas terras.

Internacionalização

Em plena crise ambiental com o aumento das queimadas na região, o presidente francês, Emmanuel Macron, deu declarações no sentido de que era possível definir um status internacional da Amazônia.

Na avaliação da deputada esse tipo de comentário também se deve a postura do governo brasileiro diante da região.

“Todas as vezes que se tem um governo que não cuida da Amazônia tem sempre países estrangeiros que passam do limite”, argumentou.

Perpétua classifica o governo Bolsonaro como entreguista e a serviço do grande capital. “A prova real disso é que ele quer entrar com mineração em terras indígenas. Nós já assistimos a esse filme antes, já vimos onde isso vai parar: prostituição infantil e miséria nas nações indígenas”.

Segundo ela, só um grupo sai lucrando com a mineração: as empresas que fazem esse processo. “Então chega a ser desrespeitosos com as populações tradicionais esse tratamento do presidente Bolsonaro”, diz.

Resistência

A deputada prevê que haverá resistência por parte dos povos indígenas que não concordam com exploração da mineração nas suas terras. “Haverá um ambiente hostil a Bolsonaro tanto na região quanto no parlamento”.

Além disso, a parlamentar diz que o presidente enfrentará a resistência de parte importante do setor agronegócio que pode sofrer boicote com os seus produtos no mercado internacional.

“Bolsonaro não percebe isso. Ele se comporta como alguém que não fala pela Amazônia e nem pelo Brasil”, concluiu.