A nova denúncia da Procuradoria Geral da República (PGR) contra Michel Temer torna insustentável a permanência do golpista no Palácio do Planalto. Acusado de obstruir a justiça e de integrar organização criminosa, que teria recebido R$ 587 milhões em propina, ele não tem a mínima condição de continuar no cargo.

Desta vez, a Câmara dos Deputados tem que cumprir o seu papel e autorizar o andamento do processo no Supremo Tribunal Federal (STF). Diferentemente do caso do ex-presidente Lula, que é alimentado apenas por notícias tendenciosas da mídia, há muitas provas de crimes cometidos pelo entreguista.

Temer escapou da primeira denúncia da PGR por corrupção passiva, porque negociou pesado para "convencer" deputados, usando emendas e verbas extra-orçamentárias. Outro fator importante é a pressão popular. Parlamentares que salvaram Temer da primeira denúncia enfrentaram o repúdio da sociedade. Dificilmente, vão querer ter novamente esse desgaste, ainda mais que a acusação é mais grave.

A saída do golpista também é urgente para reduzirmos os prejuízos ao Brasil. Um ano depois do golpe parlamentar e jurídico, o país contabiliza graves danos trazidos pelos sucessivos desmontes do Estado e pelo agravamento da crise econômica e política. Sem respaldo do voto popular, ele retoma a agenda ultraliberal dos anos 90, priorizando um projeto político derrotado nas eleições de 2014.

Resistimos muito no Parlamento para impedir a sanção da terceirização e da Reforma Trabalhista, que defenestram direitos dos trabalhadores urbanos e rurais. Lutamos ainda contra a Reforma da Previdência, que acaba com a aposentadoria plena dos brasileiros. Estamos mobilizados também contra o maior pacote de privatizações de décadas, que coloca à venda ou concede ao setor privado 57 instituições ou serviços, aí incluídas a Eletrobrás e a Casa da Moeda. Esse é o preço que o mercado cobra pela manutenção do ilegítimo no Executivo.

Somente com o afastamento de Temer, o Brasil conseguirá reerguer-se, permitindo a retomada do crescimento nacional em base desenvolvimentista e socialmente justa. A mobilização da sociedade será fundamental para impedirmos a continuidade deste projeto perverso.

*Deputada federal pela Bahia e líder do PCdoB na Câmara.