As cenas são fortes. Um jovem negro, nu, em meio a sacas de cebola é chicoteado e ameaçado de morte pelos agressores. A cena foi gravada no supermercado Ricoy, na zona sul de São Paulo, e foi um “castigo” imposto pelos seguranças do local pelo furto de chocolate, segundo o boletim de ocorrência.

A vítima prestou depoimento após o vídeo das agressões cair na internet e virar alvo de inquérito policial. O caso repercutiu no Parlamento essa semana depois do destaque que ganhou na imprensa.

O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) lamentou que a tortura e o racismo ainda façam parte da violência vivida nas periferias e condenou a ação dos vigias do supermercado. “Quando as autoridades incentivam comportamentos assim, um guardinha de mercado se acha legitimado para encarnar o capitão do mato”, criticou o parlamentar.

A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) também se manifestou sobre o caso. Para ela, a ação dos seguranças expõe a crise vivida no Brasil. “Quando a barbárie toma o lugar da Justiça é sinal de que retrocedemos enquanto nação”, disse.

A tortura é considerada crime hediondo e ocorre quando alguém é submetido, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental. A Lei 9.455/1997 prevê pena de 2 a 8 anos a quem cometer esse tipo de crime.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública, os autores do crime foram identificados após análise das imagens de câmeras de segurança. A dupla ainda não se apresentou à polícia. O caso está sendo investigado pelo 80º Distrito Policial, da Vila Joaniza.