O ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno Ribeiro, poderá ter que dar explicações na Câmara dos Deputados sobre a denúncia de espionagem da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo na última semana.

Diante da gravidade do caso, o deputado Márcio Jerry (PCdoB-MA) protocolou nesta terça-feira (12), um requerimento de convocação (303/2019) do ministro de Bolsonaro para prestar esclarecimentos sobre o caso. O pedido será analisado pelo Plenário da Casa. Para Jerry, este tipo de procedimento é inadmissível num Estado democrático de direito.

“Contraria as garantias constantes da Constituição Federal e precisa ser urgentemente explicado pelo governo. Se, de fato, a Presidência da República, por meio da Abin, estiver espionando e tratando a CNBB como “inimiga interna”, estaremos diante de um dos maiores escândalos deste começo de ano. É inaceitável a volta da “doutrina da segurança nacional” utilizada de maneira nefasta pela ditadura”, afirmou.

O deputado pede que o Plenário da Câmara aprove, por maioria simples, a convocação do ministro. Se isso ocorrer, Heleno será obrigado a ir à tribuna da Casa para se pronunciar e depois responder aos questionamentos dos parlamentares. Cabe ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), convocar a comissão para ouvir o ministro. Uma falta configura crime de responsabilidade.

Segundo a reportagem do Estadão, o Palácio do Planalto quer conter um avanço da Igreja Católica na liderança da oposição ao governo Bolsonaro. Na avaliação da equipe de Jair Bolsonaro, a Igreja é uma tradicional aliada do PT e está se articulando para influenciar debates antes protagonizados pelo partido no interior do país e nas periferias.

O alerta teria sido feito por informes da Abin e dos comandos militares, que teriam relatado articulação de cardeais para o Sínodo sobre Amazônia, que ocorrerá em outubro em Roma.

Para a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) é preciso que haja uma apuração rigorosa da denúncia feita pelo jornal. Segundo ela, se a informação for comprovada, a espionagem na CNBB é gravíssima. “Põe o governo do lado daqueles que menosprezam o direito à liberdade, privacidade e de organização. Não podemos ignorar essa ação. Queremos respostas!”, cobrou em suas redes sociais.