Por iniciativa dos deputados Aliel Machado (PSB-PR), Perpétua Almeida (PCdoB-AC) e Luiza Erundina (PSol-SP), a Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara dos Deputados realizou, nesta quarta-feira (7), audiência pública com o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, sobre o plano de ação da Pasta para o ano de 2021.

Na ocasião, Pontes afirmou que ainda está buscando uma solução para ampliar o orçamento do Ministério este ano e garantir o financiamento de pesquisas, principalmente para o desenvolvimento de vacinas nacionais contra a Covid-19. A Pasta foi uma das que sofreu mais cortes orçamentários nos últimos anos.

Atualmente, segundo Pontes, três vacinas estão sendo desenvolvidas com apoio do Ministério. Em março, foi protocolada um pedido de autorização, na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), para início de testes clínicos das fases 1 e 2 de uma delas (vacina Versamune-CoV-2FC-MCTI).

Segundo o ministro são necessários R$ 30 milhões para estas duas fases, que envolvem testes com 360 pacientes, e mais R$ 310 milhões para a fase 3, onde são testados mais de 20 mil pacientes. Somente após a fase 3 é que pode ser pleiteada a autorização emergencial para uso na população.

“Essa é uma situação crítica que vivemos nesse momento. Precisamos da vacina nacional porque nós temos mutações e existe a grande possibilidade de vacinação anual”, observou.

Acesso à internet 

Com a pandemia de Covid-19, o acesso à internet se tornou essencial para cumprimento de medidas de isolamento social. Trabalho remoto, educação a distância são termos corriqueiros no Brasil atual, mas que ainda não é uma realidade nos rincões do país.

A vice-líder do PCdoB na Câmara, deputada Perpétua Almeida, além dos questionamentos sobre o desenvolvimento das vacinas, trouxe a pauta à discussão. Indagou sobre o contingenciamento do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), e a utilização eficiente do Satélite Geoestacionário brasileiro.
Segundo ela, uma das principais funções do satélite, quando foi apresentado, era levar banda larga para as comunidades mais distantes do Brasil. “A parte do Ministério da Defesa está funcionando muito bem. Já a parte civil, que é levar internet para o interior do nordeste, da Amazônia, ainda não aconteceu. O Acre continua com o maior nível de dificuldade para ter internet nos seus municípios. O que o governo tem feito para solucionar isso?”, perguntou Perpétua.

O ministro considerou um absurdo o mau uso do satélite por tanto tempo, falou dos entraves no Tribunal de Contas da União e no Supremo Tribunal Federal e disse que deixou 12 mil pontos instalados para atender 2,5 milhões de crianças em escolas.

“O satélite agora está com o Ministério das Comunicações. Tenho certeza que o ministro Fábio irá continuar com o projeto. Imagino que já tenha chegado a mais de 20 mil pontos”, afirmou. 

Terra redonda ou plana?

Aproveitando o fato de o ministro ter sido engenheiro astronauta e ter tido, em 2006, a oportunidade de visitar a Estação Espacial, a deputada Perpétua Almeida provocou Pontes ao perguntar se a Terra era redonda ou plana, “como defendem os negacionistas, como Bolsonaro, e terraplanistas?”.

Marcos Pontes riu e garantiu que a Terra é esférica. “Não é plana. É interessante que na Estação Espacial a gente dá uma volta, a cada 90 minutos, nessa Terra esférica com velocidade de 28.000 km/h. Graças a Deus que ela não é plana, senão para fazer as curvas no canto, iríamos morrer”, comentou Pontes.