O governo Bolsonaro deu mais uma prova da sua falta de apreço à democracia esta semana. Em entrevista coletiva em Washington, na segunda-feira (25), o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que não é possível se assustar com a ideia de alguém pedir o AI-5 diante de uma possível radicalização dos protestos de rua no Brasil.

Guedes afirmou que declarações sobre a edição de um novo AI-5 no Brasil, como a feita por Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) semanas atrás, foi uma reação ao que chamou de convocações feitas pela esquerda, endossadas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva logo depois de ser solto.

As declarações repercutiram no Parlamento nesta terça-feira (26).

Para o vice-líder do PCdoB na Câmara, deputado Márcio Jerry (MA), as referências recorrentes ao AI-5 por expoentes do governo Bolsonaro revelam “graves e inaceitáveis ameaças à democracia”.

“Pregações absurdas e descabidas que devem ser respondidas com vigor e indignação. Incapaz de apontar saídas para a crise na economia, Guedes arrota arrogância e imita a estupidez de Eduardo Bolsonaro na defesa do famigerado AI-5”, afirmou.

A líder da Minoria, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) também criticou a fala do ministro de Bolsonaro. “Paulo Guedes desconhece o valor da democracia ao aceitar que alguém peça AI-5 em pleno 2019. É irresponsável ou, antes de tudo, um ignorante da História. Pobre Brasil nas mãos dessa gente”, disparou a parlamentar.

Para o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), “é o cúmulo que o ministro da Fazenda se preste a chiliques autoritários, normalizando a barbárie que foi o AI-5”. “Manifestações fazem parte do jogo democrático. Quem quer calar o povo é tirano!”, disse.