Em um bate-papo descontraído, os parlamentares comunistas fizeram uma análise da situação do país e comentaram os assuntos que dominaram a cena política nos últimos dias.

Ao iniciar a transmissão, o líder Daniel Almeida observou que a insegurança com os rumos do Brasil “vai se aprofundando”. Mas destacou que as forças progressistas estavam conseguindo obter uma vitória no Congresso Nacional, com a rejeição da Medida Provisória 879/19.

“A medida tinha como objetivo desestruturar o setor elétrico, criar canais para a privatização de empresas como a Eletrobrás e a Chesf. Estamos enterrando esta medida provisória. Não quer dizer que a batalha está definida. Outras virão, mas tivemos êxito neste tema”, disse.

Com a rejeição no Plenário, a MP será enviada ao arquivo. Porém, o governo sinalizou que pretende reenviar o tema para análise do legislativo por meio de projeto de lei.

A deputada Alice Portugal avaliou que, diante das derrotas, o governo sempre busca retomar suas ações de forma disfarçada. Ela também falou sobre outros desatinos do presidente Bolsonaro: “Estamos assistindo coisas absurdas. Cortes na educação; essa tentativa de fazer o seu filho embaixador nos Estados Unidos, porque ele fritou hambúrguer – e há controvérsia”.

“O governo Bolsonaro foi derrotado quando não conseguiu vencer a transferência do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) para o Ministério da Justiça. Agora transfere para o Banco Central, mas dando a forma objetiva que eles gostariam de dar originalmente, mudando a natureza fiscal, a natureza econômica, puramente econômica do órgão”, observou.

“O mais grave disso tudo é que acabam com o Coaf, transferem para o Banco Central, mas o conselho não será composto por funcionários do banco. Será por indicação de pessoas ligadas a Bolsonaro. Qual é a mágoa que ele tem do Coaf? É porque o órgão revelou os dados que envolvem o filho (Flávio) e o Queiroz. Será que vão colocar o Queiroz no novo Coaf. Porque pela norma que está aí, é possível o Queiroz no Coaf”, acrescentou Daniel Almeida.
Márcio Jerry, vice-líder da Bancada, também comentou o caso. Para o deputado, a mudança no órgão é mais um fato na “escalada interminável de escândalos absurdos” do governo.

“Ele ergue uma cortina de proteção ao Queiroz, a seu filho e faz de tudo para que a investigação não vá adiante. O que mostra que Bolsonaro é hoje um homem assombrado com o seu próprio entorno. Temos hoje um presidente da República assombrado com seus filhos, com seus melhores amigos, porque sabe que resistem a uma investigação”, frisou.

A deputada Perpétua Almeida assinalou que, na mesma linha do que ocorreu no Coaf, o presidente teve uma ingerência também descabida na Polícia Federal.

“Houve uma ameaça, inclusive de delegados no Brasil inteiro, de pedirem demissão, renunciarem aos seus cargos, porque Bolsonaro retirou o diretor da PF no Rio de Janeiro. Por que? Até hoje ele não está satisfeito, porque diz que aquele delegado não fez nada para impedir a apuração contra o seu filho Flávio. Então, é um absurdo atrás do outro”, afirmou.

Ela lembrou ainda, durante a transmissão ao vivo, que o governo também editou a Medida Provisória 881 (Liberdade Econômica), que retira mais direitos dos trabalhadores. Entre eles, acaba com o descanso semanal aos domingos em todos os ramos de atividade. O texto foi aprovado na Câmara e está sendo analisado agora pelos senadores.

Outro tema destacado pelos deputados comunistas está relacionado às questões ambientais. O líder da Bancada advertiu que “o mundo inteiro está de olho” na política ambiental adotada pelo governo. “É uma violência que se comete ao meio ambiente, crimes um atrás do outro. O desmatamento cresceu assustadoramente e Bolsonaro afirma cotidianamente que tudo está liberado. Garimpo em reservas, agrotóxicos, tudo liberado”, denunciou.

“O pessoal que produz no agronegócio, que comercializa pelo mundo a fora, com a China, Europa, entre outros, já começa a perceber o risco que o Brasil está correndo na sua economia. Agride o meio ambiente, libera o garimpo e coloca a economia do Brasil em risco. Uma coisa completamente absurda e irresponsável”, afirmou Daniel Almeida.

“É uma metralhadora giratória de desmonte”, apontou Alice Portugal. Ela alertou para o desgaste que essa política ambiental pode causar à imagem do Brasil no exterior.

Ao final da transmissão, os parlamentares do PCdoB reafirmaram o compromisso da Bancada com as lutas nacionais, chamando o povo brasileiro a se unir, a resistir, acreditar no Brasil, para não permitir que Bolsonaro continue a desmontar o país e maltratar os mais pobres.