Após um tour de 17 dias pelas praias catarinenses e litoral paulista, Bolsonaro afirmou nesta terça-feira (5) a um grupo de apoiadores que o “Brasil está quebrado” e que, por isso, ele não consegue “fazer nada”. A declaração ocorreu durante uma conversa na saída da residência oficial do Palácio da Alvorada, antes de seguir para o Palácio do Planalto.

O presidente também disse que o coronavírus, que já provocou quase 200 mil mortes em solo brasileiro, foi "potencializado" pela mídia.

“O Brasil está quebrado, chefe. Eu não consigo fazer nada. Eu queria mexer na tabela do imposto de renda, tá, teve esse vírus, potencializado pela mídia que nós temos, essa mídia sem caráter”, afirmou, em resposta a um interlocutor que o indagou sobre a situação por que passa o País.

A postura de descaso com as vítimas da pandemia e as enormes dificuldades enfrentadas pela população causou indignação em parlamentares da Bancada comunista na Câmara. "Bolsonaro não consegue fazer nada. Nada que ajude a salvar vidas", reagiu a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ).

Em sua conta no Twitter, a parlamentar lembrou que, enquanto países da Europa adotam lockdown e intensificam a vacinação para conter a pandemia, aqui ainda enfrentamos fakenews sobre medicamentos e medidas como uso de máscaras e distanciamento social.

Para o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), se Bolsonaro acha que não pode fazer nada, "ele deveria: 1) Não gastar recursos com toneladas da inútil cloroquina. 2) Não assaltar o Estado com seu programa entreguista. 3) Não usar o governo para proteger seus filhos corruptos e milicianos. 4) Renunciar".

A líder do PCdoB na Câmara, Perpétua Almeida (AC), ressaltou que o presidente da República "é preguiçoso e incompetente". "Quando deputado federal não fez nada a não ser esculhambar governos e ministros. O problema do Brasil é ser governado por essa criatura desprezível. Quer exemplo? Na pandemia, jogou bola, pescou, foi à praia. Visitou hospitais? Não", observou a parlamentar.

O deputado Márcio Jerry (PCdoB-MA) foi outro que se manifestou, lembrando que o mundo inteiro está em alerta e vacinando a população contra a Covid-19. "Mas cá no Brasil, o presidente Bolsonaro e seu ministro da Saúde seguem o roteiro insano, irresponsável, criminoso, genocida. Uma lástima isso", disse.

Desalento

Segundo pesquisa feita pelo instituto Datafolha, quase sete em cada dez brasileiros acreditam que a economia não vai melhorar neste ano. Já em relação à mudança na tabela do Imposto de Renda, mencionada por Bolsonaro, ela foi uma promessa de campanha não cumprida pelo presidente.

A ampliação da isenção do Imposto de Renda, abrangendo os trabalhadores que ganham até cinco salários mínimos, foi esquecida pela equipe de Paulo Guedes. Hoje, a faixa de isenção é de R$ 1.903,98. O governo também descartou a prorrogação do auxílio emergencial este ano.