Com o apoio entusiasta do ministro da Economia, Paulo Guedes, e do presidente da empresa, Roberto Castello Branco, o governo de Jair Bolsonaro trabalha para viabilizar a privatização da Petrobras. No mês passado, O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, disse que estudos seriam feitos para analisar a possibilidade da venda da estatal.

Depois da entrega de alguns ativos como a BR Distribuidora e a decisão pela venda das refinarias, a direção da empresa acelera o desmonte da estatal com o fechamento de várias unidades no país.

Em nota, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) denuncia que estão sendo feitas demissões e transferências em massa dos funcionários terceirizados e próprios da empresa.

“As transferências e demissões vêm ocorrendo desde a gestão de Pedro Parente, quando foi iniciado o processo de desmonte da Petrobrás. Com a intensificação da privatização, o atual presidente da Petrobras, Castello Branco, já revelou que seu sonho é vender toda a empresa. Várias unidades estão sendo fechadas”, acusou a entidade.

Trata-se, na avaliação da FUP, de uma política agressiva e de confronto com a categoria. E o pior: em plena negociação do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT).

“A atual gestão da Petrobras segue demonstrando que não tem qualquer compromisso e respeito com sua força de trabalho. Enquanto falam em boa fé negocial, em meio ao processo de negociação do Acordo Coletivo, a empresa anuncia a transferência de trabalhadores e fechamento de unidades. Isso tudo sem qualquer negociação com o Sindicato”, avalia o diretor do Sindipetro (MG), Felipe Pinheiro.

Ao comentar a desocupação do edifício administrativo da empresa em Salvador, o líder do PCdoB na Câmara dos Deputados, Daniel Almeida (BA), defendeu o esforço político em defesa da empresa.

“Agora mais do que nunca, precisamos nos unir em defesa da Petrobras, pois sabemos da sua importância não só para o desenvolvimento da indústria como para a fomentação das atividades econômicas da Bahia. Não podemos aceitar essas ações!”, protestou.

Segue o balanço feito pela FUP em todo o país:

Na Bahia, a Petrobras comunicou a demissão de cerca de 2 mil terceirizados e a transferência de 1.500 trabalhadores próprios, em função da desativação do seu edifício sede em Salvador (Torre Pituba).

O mesmo acontecerá no Rio Grande do Norte, com o fechamento da sede da empresa em Natal. Lá também, os gestores já comunicaram a demissão de cerca de 6.500 trabalhadores terceirizados e a transferência de outros 1.740 trabalhadores próprios.

No Edisp, edifício sede da estatal em São Paulo que já foi desativado, os trabalhadores foram transferidos e os contratos com terceirizados, encerrados.

Em Macaé, no Norte Fluminense, os trabalhadores do Edifício Novo Cavaleiros (Edinc) foram comunicados em julho que a unidade será desativada até 2020. O Sindipetro-NF ficou sabendo do fato pela imprensa.

Na ultima semana, foi a vez dos trabalhadores do setor de Suprimentos de Bens e Serviços (SBS) de Minas Gerais, lotados na Refinaria Gabriel Passos (Regap) receberem a notícia que serão transferidos para outros estados.

Os petroleiros foram informados durante uma apresentação feita pela gestão da Regap, que sequer comunicou o fato ao Sindipetro-MG. A princípio, os trabalhadores devem ser realocados em unidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo.

De acordo com a Petrobras, eles terão um período de menos de 15 dias para escolherem entre um dos três estados – onde a companhia deve concentrar sua atuação – e devem ser transferidos até o final do primeiro trimestre de 2020. Ainda conforme a empresa, todo o setor de SBS será concentrado nesses estados e, por isso, o deslocamento de trabalhadores.

A FUP solicitará uma reunião de urgência com a gerência do SBS da Petrobrás para cobrar esclarecimentos sobre a transferência dos trabalhadores.