Os absurdos do governo Bolsonaro começam a virar uma ameaça catastrófica para o meio ambiente e a economia nacional. A insensata política ambiental, marcada pela destruição deliberada da Amazônia de todas as formas, chama a atenção do mundo gerando riscos de perdas irreversíveis, que afetam desde o agronegócio até a diplomacia do país.

A postura do presidente da República, que afugenta países apoiadores, como Alemanha e Noruega, é uma violência contra o meio ambiente. A imprensa nacional e internacional aponta que a irresponsabilidade do governo, em permitir o desmatamento, tem levado a um recorde de queimadas na Amazônia. A situação é muito grave. As chamas na Amazônia são tão intensas que a fumaça é vista do espaço, como mostra o registro da Nasa. 

Desde 1.º de janeiro até a terça-feira (20/08), foram contabilizados 74.155 focos, alta de 84% em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com o Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que contabiliza esses dados desde 2013. Isso sem falar na expansão de garimpos e na exploração de áreas indígenas.

Além de prejudicar a vida no planeta, o cenário alarmante pode gerar boicote de produtos nacionais no Exterior. O Brasil exporta US$ 17,8 bilhões de produtos agrícolas para a Europa. Jornais alemães e consumidores europeus começaram a fazer campanha para barrar exportações brasileiras. Os investidores estrangeiros já sacaram R$ 19,1 bilhões da bolsa brasileira este ano. O governo tem tomado decisões erradas na área ambiental e permanece surdo diante de críticas que alertam sobre as consequências nefastas.

Depois de choverem cinzas de queimadas em São Paulo, Bolsonaro cometeu o disparate de culpar ambientalistas por ações criminosas, mesmo sem apresentar provas. E acusou ainda governadores de nada fazerem para impedir os incêndios gerando reação nos estados, que, ao contrário dele, lutam por preservar a natureza.

Não é à toa que o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, foi vaiado durante a Semana Latino-Americana e Caribenha sobre a Mudança do Clima. É a primeira vez em que uma autoridade brasileira é vaiada num evento desses. O secretário de relações internacionais do Ministério do Meio Ambiente, Roberto Castelo Branco, também foi vaiado e interrompido diversas vezes no evento sediado em Salvador.  O Brasil ficará exposto ainda nos próximos meses em eventos como o Sínodo da Amazônia, a COP do Chile, o número oficial do desmatamento anual, Prodes, que o Inpe normalmente divulga entre outubro e novembro.

Os bolsonaristas não ouvem nem mesmo a população que votou nesse presidente. Conforme o Ibope, 96% dos brasileiros concordam total ou parcialmente com a ideia de que o governo federal deve aumentar as medidas de fiscalização para impedir o desmatamento ilegal da Amazônia.

O Parlamento está preocupado com os resultados dessa insensatez. Nesta quinta-feira, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), anunciou a criação de uma comissão externa para acompanhar o problema das queimadas que atingem a Amazônia. Será realizada também uma comissão geral, nos próximos dias, para avaliar a situação e propor soluções ao governo.

Estaremos juntos defendendo o meio ambiente e das exportações do Brasil. A Bancada do PCdoB na Câmara adotará todas as medidas possíveis de forma a assegurar a preservação da Amazônia, da economia e dos direitos dos brasileiros.

*Deputado federal pela Bahia e líder do PCdoB na Câmara.