O deputado Márcio Jerry (PCdoB-MA) acusou, nesta quinta-feira (29), o governo federal de agir com negligência e de reagir com “desatinos” à crise ocasionada pelas queimadas na Amazônia. No Plenário da Câmara dos Deputados, o vice-líder do partido afirmou que Jair Bolsonaro perdeu tempo desviando o foco sobre a responsabilidade dos incêndios que vem corroendo nos nove estados que compõem a Amazônia Legal desde o último dia 22 de agosto, ajudando a agravar a situação interna do país e a projeção do Brasil no cenário internacional.

Mesmo admitindo a recorrência dos incêndios na região durante o período de estiagem, para o deputado a situação só se tornou maior nos últimos dias porque o atual presidente da República, Jair Bolsonaro, ainda não assumiu o papel de gestor da nação. “É uma sequência de desatinos e desacertos que evidenciam como nosso país está desassistido da instituição chamada Presidência da República, por uma razão simples, Bolsonaro ainda não vestiu a institucionalidade do “ser” presidente da República”, afirmou.

“O governo federal optou por apontar o dedo acusatório quando sua responsabilidade seria encarar o problema com a gravidade e urgência que o problema requer”, disse. “É importante chamar a atenção do país pois não podemos ficar calados quando problemas ocorrem e a Presidência da República, a quem cabe liderar um processo de reação desses problemas, prefere apontar dedo acusatório e cometer reiteradas negligências enquanto a Amazônia pega fogo, enquanto a reputação do Brasil pega fogo”, completou.

Para o parlamentar maranhense, a falta de foco e responsabilização de organizações não-governamentais impediram que o problema pudesse ser contornado a tempo e apontou dificuldades internas como o principal agravante da conduta da equipe de Jair Bolsonaro. “Problemas poderiam ser evitados se houvesse uma pronta reação do governo, mostrando o descompasso que existe entre a realidade do país e o cotidiano do governo federal e dos ministros, sobretudo do meio ambiente”, completou.

Maranhão

Representante mais próximo do atual governador do Maranhão, Flávio Dino, no Parlamento brasileiro, Márcio Jerry ainda usou o exemplo dado pelo gestor estadual na condução do caso como um demonstrativo de como a situação poderia ter reduzido danos à imagem do país no cenário internacional. Na última segunda-feira (26), Flávio Dino anunciou a assinatura de um decreto proibindo o uso de fogo para a limpeza de áreas entre os dias 27 de agosto a 30 de novembro de 2019, considerado o mais crítico das secas que atingem a Amazônia.

Dois dias depois, foi a vez de o governo federal suspender a prática de queimadas em todo o país por 60 dias, em um decreto que foi publicado no Diário Oficial da União.

“Ao invés de acusar, [Flávio Dino] recomendou que se optasse pelo diálogo, para não termos que assistir além da queimada da nossas florestas, a “queimada” da reputação do Brasil perante o mundo, “queimando” dinheiro – ao recusar recursos de outros países para proteger a Amazônia”, complementou.

Inpe

De acordo com dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) nesta quinta, agosto já registra mais focos de queimadas no bioma Amazônia que a média do mesmo mês nos últimos 21 anos. Entre os dias 1º e 27 de agosto, o órgão registrou 27.496 focos de queimadas na Amazônia Legal, situação que gerou uma série de desgastes da postura do chefe de Estado e a conformação de uma crise institucional no governo com países como a França.

*Ascom Márcio Jerry