Um dia depois que uma pesquisa Ibope apontou queda na popularidade de Jair Bolsonaro à frente da Presidência da República, brigas entre o presidente da Câmara e o atual ministro da Justiça e contradições entre Ministério Público e Supremo Tribunal Federal, uma nova ação da Operação Lava-Jato tomou conta dos noticiários: as prisões do ex-presidente Michel Temer e de seu ex-ministro Moreira Franco (sogro de Maia).

Ambos estavam envolvidos em investigações de crimes de obstrução de justiça e organização criminosa, no entanto, sem abertura pelo Parlamento do processo para apurar as denúncias, só após Temer ter repassado a faixa presidencial é que as investigações puderam ter continuidade.

Para deputados da Oposição, a prisão neste momento, causa estranheza. “O governo Bolsonaro em queda livre nas pesquisas, sem base no Congresso Nacional, sem conseguir se explicar diante de tantas denúncias… e qual seria melhor medida para tirar o governo Bolsonaro das cordas? Bingo! Acertou quem respondeu: fazer uma operação espetaculosa!”, tuitou o deputado Orlando Silva (SP).

Em entrevista coletiva, no Salão Verde da Câmara, a líder da Minoria, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), seguiu o mesmo tom. Para ela, apesar dos robustos indícios contra Michel Temer, delação não é prova e o processo legal precisa ser respeitado.

“Isso tem cheiro de uma prisão arbitrária. Não podemos fazer a defesa de uma prisão fora de processo constitucional. Quero lembrar que o Parlamento foi provocado por denúncias duas vezes para que esta investigação fosse aberta em cima de indícios robustos e esse Parlamento recusou a investigação. Aquele era o momento, sim, de ter aberto a investigação contra Michel temer e outros que estão tendo expedidos mandados de prisão. Se naquele momento as investigações tivessem sido abertas, hoje, talvez, estivesse autorizada uma prisão constitucionalmente consolidada”, afirmou.

Temer, Moreira Franco e Eliseu Padilha foram alvo de duas denúncias pela Procuradoria-Geral da República pelos crimes de obstrução de justiça e organização criminosa. Entre as provas listadas na denúncia da PGR, constam imagens, depoimentos, vídeos que mostram deputados correndo com malas de dinheiro, entre outras.

À época, o PCdoB foi uma das legendas que votou favoravelmente à abertura das denúncias. No entanto, Temer conseguiu reuniu apoio político para barrar o avanço das investigações.