A miséria é o retrato do Brasil atual. Hoje, 13,5 milhões de pessoas sobrevivem com até R$ 145 por mês. O número vem crescendo desde 2015, invertendo a curva descendente da miséria dos anos anteriores. Os dados divulgados na última semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) apontam o contingente recorde de pessoas que caíram para a extrema pobreza no Brasil. A alta do desemprego, os programas sociais mais enxutos e a falta de reajuste de subvenções como o Bolsa Família aumentam abismo para os mais pobres.

De acordo com os dados, a miséria atinge, sobretudo, a população preta e parda, sem instrução ou formação fundamental incompleta dos estados das regiões Norte e Nordeste.

“É degradante, vergonhoso! Se revoltar contra isso é amar o Brasil. Do contrário, é só hipocrisia”, afirmou o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP).

O deputado Renildo Calheiros (PCdoB-PE) também condenou o aumento do número de pessoas vivendo em condições de miséria. Para ele, o governo não tem atuado para melhorar a situação dos brasileiros. “Enquanto o governo Bolsonaro comemora 300 dias de atuação com fogos, o Brasil atinge nível recorde de pessoas vivendo em condições de miséria. Temos mais miseráveis do que a soma de todos os habitantes da Bélgica”, criticou.

O estudo do IBGE sugere um investimento extra de R$ 1 bilhão mensais para atender aos brasileiros em condição de extrema pobreza. A projeção, porém, esbarra num momento em que o governo de Jair Bolsonaro está focado no aprofundamento do ajuste fiscal, como mostrou o pacote apresentado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, e na ideia da redução do papel do Estado, que foi abraçada pelo país desde o governo de Michel Temer. Essa mudança se reflete, por exemplo, no número de usuários do Bolsa Família. Hoje, 13,7% dos lares brasileiros recebem o benefício, contra 14,9% em 2014.

Para o líder do PCdoB na Câmara, deputado Daniel Almeida (BA), “seguimos sem esperança de dias melhores” com o atual governo. No entanto, reforçou que deputados progressistas têm lutado para “criar mais oportunidades, gerando desenvolvimento socioeconômico e cidadania para todos os brasileiros”.