O deputado Coronel Tadeu (PSL-SP) arrancou nesta terça-feira (19) um quadro de exposição na Câmara dos Deputados que denunciava o genocídio da população negra no Brasil. A obra, do cartunista Carlos Latuff, trazia dados sobre a violência do Estado contra negros e negras.

Após o ato, parlamentares acionaram o departamento de polícia da Câmara para registrar o ocorrido e então poder acionar o Conselho de Ética.

“Havia uma parte denunciando o genocídio contra a população negra. O deputado Coronel Tadeu passou e arrancou, quebrou parte da exposição, numa expressão clara de racismo. Uma agressão aos negros e às negras, mas também ao patrimônio da Câmara. Vamos fazer a denúncia no Depol, vamos fazer o registro no Conselho de Ética, pois além da quebra de decoro, ele cometeu um crime, que é o crime de racismo”, afirmou a líder da Minoria, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ).

Para a parlamentar, esta é a típica ação de quem não consegue lidar com as diferenças. “É preciso que este tipo de atitude seja responsabilizada.”

O cartunista Latuff também condenou o episódio. “Essa agressão de um policial militar, que por acaso também é um parlamentar, contra uma charge exposta no Congresso Nacional e que denuncia a violência policial, nos leva a seguinte reflexão. Se fazem isso contra um cartaz, imagine contra gente de carne, osso e pele negra!”, publicou.

Deputados se retiram do Plenário

Protestando contra a violência que seguiu sendo reafirmada em Plenário pelo deputado, parlamentares se retiraram do local e deram coletiva no Salão Verde. O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) chegou a repudiar a atitude do Coronel Tadeu que sorria na mesa da Câmara dos Deputados. Orlando cobrou que ele saísse de lá.

"É inaceitável, desonroso para esta Casa que um deputado federal não tenha tolerância, não respeite a história dos negros no Brasil e não perceba o genocídio promovido pela sociedade contra a juventude negra e o pobre da periferia", destaca Orlando Silva.  

Já a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) afirmou que o parlamentar que retirou a placa poderia ter representado contra o tema caso se considerasse ofendido, mas "demonstrou nas vísceras a intolerância e o racismo".