Na última semana, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontou que junho teve o maior número de alertas de desmatamento para o mês desde 2015, quando teve início o monitoramento. Os alertas indicavam devastação em 3.069,57 km² da Amazônia, aumento de 25% em comparação ao primeiro semestre de 2019. Só em junho, a área de alerta foi de 1.034,4 km².

A divulgação dos números levou à exoneração de Lubia Vinhas, coordenadora-geral de Observação da Terra do Inpe – área responsável, entre outras atribuições, pelo monitoramento da devastação da Amazônia, por meio do sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter). A exoneração, assinada pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, foi publicada na edição desta segunda-feira (13) do Diário Oficial da União (DOU).

Os dados apontados na última semana servem de indicação às equipes de fiscalização sobre onde pode estar havendo crime ambiental. Os números, no entanto, não representam a taxa oficial de desmatamento, que é medida por outro sistema, divulgado uma vez ao ano.

A exoneração de Lubia repercutiu no Parlamento. Para a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), Bolsonaro está “cassando a verdade, a transparência e a informação”.

Já o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) afirmou que “Bolsonero”, como classificou o presidente da República, “quer atear fogo no país e ainda punir quem enxerga a fumaça”. “É aquela velha história: se os fatos estão contra ele, danem-se os fatos”, completou.

Em agosto do ano passado, em meio à escalada nos focos de incêndio na Amazônia, o governo exonerou o então diretor do Inpe, Ricardo Galvão.

Na época, o presidente Jair Bolsonaro havia desqualificado os dados do instituto e disse que o Galvão devia estar a "serviço de alguma ONG". Galvão rebateu as acusações.