O planeta vive um dos momentos mais desafiadores do século. O Brasil enterra seus mortos em covas rasas. Até aqui já são mais de 140 mil brasileiros contaminados e, infelizmente, mais de 9,6 mil mortos que deixam familiares e amigos num estado de dor sem precedentes.

Enfrentamos globalmente essa pandemia de coronavírus, que muitos estadistas consideram a terceira guerra mundial. O caos na saúde pública está instalado. É preciso um esforço concentrado para salvar vidas. Mas o presidente Bolsonaro continua a se comportar como se estivéssemos enfrentando uma gripezinha. É um irresponsável que prioriza o seu umbigo, seus desejos e de seus filhos.

E, no meio deste caos, o Brasil está tendo que gastar energia para debelar grave crise política interna, criada pelo próprio presidente de extrema direita, Jair Bolsonaro. 

Como ignorar as denúncias levantadas pelo ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, que revelou crimes de responsabilidade do presidente da República? E por outro lado, como ignorar as denúncias de Bolsonaro contra Moro? Nós do PCdoB formalizamos pedido de abertura de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI)  para apurar urgentemente esses fatos.

Bolsonaro cometeu crime de responsabilidade, improbidade administrativa e desrespeito à legislação brasileira, previsto no art. 85 da Constituição Federal. Moro no mínimo foi conivente e está também no alvo da Procuradoria Geral da República (PGR).

Quando se revela o interesse de Bolsonaro em ter outro diretor geral da Polícia Federal (PF) para obter acesso a relatórios de inteligência e informações sobre investigações, vem à tona o crime de prevaricação, previsto no art. 319 do Código Penal. Esse crime fica claro, porque Bolsonaro agiu por razões políticas para satisfazer interesse pessoal. Hoje ele insistiu nisso e oficializou amigos no comando da PF e da Justiça.

Para piorar a situação, a imprensa mostra que o então diretor geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, foi exonerado justamente após a PF identificar o filho do presidente, Carlos Bolsonaro como articulador do esquema criminoso de fake news, que montou gabinete de ódio no Palácio do Planalto para atacar reputações usando dinheiro público. O objetivo era impedir que fosse desvendado o elo entre o filho zero 2 do presidente e a campanha nas redes sociais contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e Congresso Nacional.

O inquérito aberto pelo STF, em março de 2019, está próximo de encerrar a fase de investigação. Nas próximas semanas, a imprensa destaca que devem começar operações de busca e apreensão, inclusive com a prisão de aliados do governo.

Nesta semana, o ministro do STF, Celso de Mello deu sinal verde para a investigação de Bolsonaro e de Moro. A PGR pediu inquérito para esclarecer se houve a prática de crimes de falsidade ideológica, coação no curso do processo, advocacia administrativa, prevaricação, obstrução de justiça, corrupção passiva privilegiada, denunciação caluniosa e crime contra a honra.

O MPF também apontou tentativa do presidente de interferir no Exército. Em 17 de abril, Bolsonaro exigiu a revogação de portarias que monitoram a produção, rastreamento e distribuição de munições feitas no Brasil e importadas. A quem o presidente estaria ajudando, tendo em vista que suspendeu monitoramento e rastreamento de munições? Milicianos, organizações criminosas e bandidos em geral devem estar fazendo a festa. Sobre isso apresentei na Câmara dos Deputados projeto de Decreto Legislativo para restabelecer as portarias, dificultando assim a vida dos bandidos.

Nós da Bancada do PCdoB estamos mobilizados em defesa da vida dos brasileiros, da manutenção dos empregos, e vigiando Bolsonaro para que não rasgue a Constituição e não golpeie nossa democracia. Venceremos o Covid-19 e Bolsonaro, o mensageiro da morte!

*Deputada federal pelo Acre e líder do PCdoB na Câmara.