A comissão externa destinada a acompanhar a investigação dos assassinatos da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes fez sua primeira reunião na tarde desta quarta-feira (21). Na ocasião, foram aprovados o plano de trabalho elaborado pelo coordenador do colegiado, deputado Jean Wyllys (PSol-RJ), e uma série de requerimentos convocando reuniões e audiências públicas.

A comissão foi criada no âmbito da Câmara tendo em vista as circunstâncias e as possíveis motivações ainda não esclarecidas das mortes. Os objetivos são acompanhar os inquéritos, solicitando – nos limites legais e respeitando o sigilo – informações das autoridades sobre suas atuações e sobre o andamento do caso.

A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), vice coordenadora do colegiado, elogiou o roteiro, salientando a necessidade de serem ouvidos de adianto o comandante geral da Polícia Militar do Rio de Janeiro, coronel Luís Cláudio Laviano, e o delegado Fábio Cardoso, que está diretamente ligado ao caso, para obter informações mais ágeis sobre o andamento das investigações.

Entre os pedidos apresentados, estava a proposição de reunião a ser realizada com o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann. Também constava o convite à vereadora em Niterói, Talíria Petrone, para comparecimento a uma audiência pública com o intuito de falar sobre ameaças que tem sofrido em razão de sua atividade parlamentar.

A disputa de narrativas causada pela proliferação de fakenews, com a intenção de desqualificar a memória e a luta de Marielle, também estiveram em pauta. As deputadas Erika Kokay (PT-DF) e Jandira Feghali sugeriram a criação de uma ferramenta junto à estrutura da Câmara para que inciativas como essas possam ser identificadas e barradas.

Jandira ainda pontuou que há diferenças de visões e opiniões, mas que limites precisam ser respeitados. “Podem haver as análises mais variadas sobre o que ocorreu, de cunho político ou não. Mas uma questão é a ideologia. Algo que justifique a morte dela não pode existir. E houve abordagens ideológicas dentro desta própria Casa que foram abusivas, muito difíceis de ouvir”, pontuou a parlamentar.

A deputada se referia à declaração da procuradora da mulher da Câmara, deputada Gorete Pereira (PR-CE). Nas redes sociais, Gorete disse que Marielle foi “mais um caso” de mulheres que morrem no Brasil e acrescentou que a vereadora carioca não poderia se transformar em ícone porque “se meteu em causas muito polêmicas e ela já sabia onde poderia chegar”. Kokay, Feghali Capiberibe anunciaram que pretendem convocar a bancada feminina para discutir a situação.

Wyllys também declarou a intenção de instalar uma espécie de cronômetro, que funcionaria por meio de um hotsite para deixar todos cientes do andamento das investigações nos diferentes setores e instituições.

A próxima reunião do colegiado está programada para semana que vem, na terça-feira (27). A intenção é de que, até lá, já sejam feitas algumas diligências na cidade do Rio de Janeiro para ouvir autoridades.