O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), anunciou que manterá o trâmite do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff no Senado. Renan decidiu ignorar a decisão do presidente em exercício da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão (PP-MA), que anulou a sessão da Câmara de abril, que aprovou a continuidade do processo. Leia também: Impeachment de Dilma é anulado por Waldir Maranhão

Renan Calheiros disse que não procede a argumentação de Waldir Maranhão sobre a forma que a decisão da Câmara deveria ter sido comunicada ao Senado. "Aceitar essa brincadeira com a democracia seria ficar pessoalmente comprometido com o atraso do processo. Ao fim e ao cabo, não cabe ao presidente do Senado Federal dizer se o processo é justo ou injusto", disse o presidente do Senado.

Com isso, Renan Calheiros determinou que o relator do processo na Comissão Especial do Impeachment do Senado, Antonio Anastasia (PSDB-MG), faça a leitura do seu relatório pela admissibilidade do processo no Plenário da Casa. Após a leitura, começará a contar o prazo de 48 horas para que os senadores votem a admissibilidade e o afastamento imediato da presidenta, o que deve ocorrer na quarta-feira (11).

O anúncio foi recebido sob protesto de parlamentares da base. Para a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) é inaceitável a decisão de Calheiros. “A Constituição está sendo rasgada mais uma vez. Nossa democracia corre um grave risco com a decisão do Senado de ignorar a nulidade do processo de impeachment. E se amanhã, o presidente da Câmara disser que não acatará uma decisão desta Casa? Qual será nossa atitude? Como fica a democracia? Não estamos aqui discutindo um projeto de lei ou uma PEC, estamos discutindo um processo de impeachment de uma presidente democraticamente eleita”, afirma.

Para o vice-líder do governo na Câmara, deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), “ao anular a votação do impeachment, o presidente da Câmara em exercício cumpriu a lei”. Para ele, a definição de Calheiros, no entanto, “é grave e agrava a crise”.

Em entrevista coletiva no fim do dia, Waldir Maranhão reforçou a necessidade de “corrigir vícios do processo”. “O momento é delicado, mas precisamos salvaguardar a Constituição. Não estamos brincando de fazer democracia aqui”, afirma o parlamentar ao rebater a afirmação de Renan que disse que “anular o processo é brincar com a democracia”.

De acordo com a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), vice-líder do governo na Câmara, a legenda sustentará a decisão de Waldir Maranhão e o processo, certamente, será judicializado no Supremo Tribunal Federal (STF).

*Com informações da Agência Brasil.