A manhã desta sexta-feira (4) começou com um golpe para a esquerda brasileira. A nova fase da Operação Lava Jato ocorre na casa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que é alvo de um dos mandados de condução coercitiva – que ocorre quando a pessoa é obrigada a prestar depoimento. Lula foi levado para o Aeroporto de Congonhas (SP) para depor à Polícia Federal.

A Bancada do PCdoB repudia a ação contra o ex-presidente. Para o líder da legenda na Câmara, deputado Daniel Almeida (BA), a operação é revestida de ilegalidades. “Foi algo orquestrado pelo Judiciário, capitaneado pelo Moro. Não há fatos. Lula nunca se negou a prestar esclarecimentos. É um sequestro. Querem fazer um espetáculo para interferir no processo político brasileiro. Nossa Bancada repudia essa condução coercitiva”, declara.

Para a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), a forma como se chegou a Lula é mais uma tentativa de desconstruí-lo. “Armaram na mesma semana todas as montagens possíveis para fazer o que estão fazendo. A tentativa é fazer aquela imagem do Lula sendo conduzido para tentar destrui-lo moralmente. É um verdadeiro estado de exceção, não há legalidade, provas ou indícios concretos de que ele tenha cometido algum crime. Isto é inaceitável, não podemos aceitar passivamente”, declara.

O Instituto Lula avaliou, em nota, a ação da PF como "arbitrária, ilegal e injustificável".

A condução coercitiva está prevista no § 1º do art. 201 do Código de Processo Penal. Segundo a legislação, esta medida pode ser utilizada “se, intimado para esse fim, deixar de comparecer sem motivo justo, o ofendido poderá ser conduzido à presença da autoridade”. No entanto, no entendimento dos comunistas, Lula não foi intimado nem se recusou a comparecer, logo não caberia o mandado.

“Isto é um ato de provocação de caráter eminentemente político, não tem nada a ver com o combate à corrupção no nosso país. É um verdadeiro espetáculo para tentar acelerar um golpe que está em andamento. Mas os golpistas podem saber: vai ter luta”, afirma a presidente nacional do PCdoB, deputada Luciana Santos (PE).

O deputado Chico Lopes (PCdoB-CE) corrobora com a tese. “Em nenhum momento o ex-presidente Lula se negou a prestar depoimento. Para que mandado de condução coercitiva? Apenas para gerar um espetáculo para a grande imprensa, com policiais na porta da casa do ex-presidente que mudou a história do Brasil, promoveu a inclusão social de 40 milhões de pessoas, se tornou um líder internacional pelos avanços sociais e pelo novo papel do Brasil no cenário mundial?", questiona o parlamentar.

Para o vice-líder do governo, deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), é momento de prestar toda a solidariedade ao ex-presidente e de impedir que qualquer arbitrariedade aconteça. Atos em defesa de Lula estão sendo articulados em todo o país para a tarde desta sexta-feira.

“Este é um dos dias mais revoltantes da história da minha vida, mas nós temos que ter firmeza, temos que mobilizar a nossa militância. O Brasil é grande, a democracia foi conquistada com a nossa luta, nosso suor, nosso sangue”, diz Orlando Silva.

Os deputados Alice Portugal (BA), Angela Albino (SC), Davidson Magalhães (BA), Jô Moraes (MG), Rubens Pereira Jr (MA) e Wadson Ribeiro (MG) também se solidarizaram com o ex-presidente Lula. Para eles, existe uma “ofensiva conservadora para acabar com as conquistas dos últimos anos”.