Um erro. Foi assim que o ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, classificou o teor da mensagem enviada às escolas do país com slogan de campanha de Jair Bolsonaro e com pedido de gravação dos alunos durante a leitura da carta de “boas-vindas” e da execução do hino nacional. O mea culpa, no entanto, só veio após a chuva de críticas de educadores, juristas, políticos (inclusive do vice-presidente da República, Hamilton Mourão, que classificou a carta de ilegal).

No entanto, para o líder do PCdoB na Câmara, deputado Orlando Silva (SP), o factoide de Rodríguez mascara a crueldade do governo Bolsonaro contida na Reforma da Previdência. O episódio gerou grande repercussão no Plenário da Câmara nesta terça-feira (26), o que, segundo Orlando, é oportuno para o governo, que tenta desviar a atenção da população do que realmente interessa.

“Deputados da base deveriam subir à tribuna para explicar os motivos de Jair Bolsonaro para querer acabar com a previdência pública no Brasil. Por que quer impedir que o trabalhador rural tenha acesso ao benefício? A bancada do PSL tem que explicar o porquê da crueldade com os professores, que terão que trabalhar cinco anos a mais e contribuir por 30 anos para ter acesso à aposentadoria. Deveriam explicar o porquê da crueldade de cortar o benefício de prestação continuada (BPC) dos pobres do Brasil. É uma crueldade o que este governo faz com nosso povo”, afirmou Orlando no Plenário da Câmara.

A Reforma da Previdência (PEC 06/19), entregue na última semana à Câmara, prevê, como regra geral, a aposentadoria aos 62 anos para mulheres e aos 65 anos para homens. Mas enrijece os critérios para os trabalhadores do campo, professores e para os idosos que recebem o BPC – que terão o benefício reduzido para R$ 400.

Orlando afirmou ainda que a base de Bolsonaro precisa explicar a “fraude política” do atual governo, uma vez que, em sua campanha, Bolsonaro não tratou do tema da Previdência e em seus discursos e entrevistas quando era deputado federal era contrário às alterações das regras para penalizar o trabalhador.

“Vocês têm que justificar a fraude política. Basta ver os discursos que Bolsonaro defendia aqui e agora o que ele propõe. Esse governo é uma fraude”, salientou.

Para o líder comunista, unir os partidos de Oposição e os movimentos sociais será fundamental para enfrentar essa agenda e “impor uma grande derrota ao governo de Jair Bolsonaro”.