O líder do PCdoB na Câmara, deputado Daniel Almeida (BA), ocupou a tribuna na noite da terça-feira (1º) para repelir os ataques feitos no Plenário pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) contra o PCdoB e a ex-deputada do partido Manuela d’Ávila.

"O Brasil está farto da família cascavel, que destila veneno, que destila ódio, que nada apresenta em favor do país e dos brasileiros”, afirmou. O líder comunista atribuiu as ilações do filho do presidente, o chamado 03, ao desespero da família Bolsonaro com as revelações sobre a utilização criminosa de “fake news” para fraudar as eleições do ano passado.

Daniel Almeida lembrou que as publicações do site The Intercept Brasil trouxeram à tona o que estava nos bastidores. “O conluio que se formou para fraudar o resultado eleitoral, a participação do Bolsonaro nesse processo”, disse.

“A Manuela é uma líder política que passou por esse parlamento, que se apresenta de cabeça erguida para o Brasil e para o mundo, que teve a coragem de, tendo conhecimento de um fato de grande relevância, um fato jornalístico, indicar a investigação e a divulgação desse fato. É daí que decorre o desespero da família Bolsonaro, que foi a partir disso que este governo está sendo desmascarado”, assinalou.

Eduardo Bolsonaro, que aguarda indicação de seu pai para a embaixada do Brasil nos Estados Unidos, usou o microfone do Plenário para desferir ofensas contra Manuela d’Ávila, porque a ex-deputada não titubeou em disponibilizar seu celular às autoridades e prestar todos os esclarecimentos sobre seu contato com o hacker Walter Delgatti Neto.

Segundo a vice-líder do partido, Perpétua Almeida (AC), a ex-deputada agiu dessa forma “porque ela não tem o que esconder”, como o 01 da família, Flávio Bolsonaro (PSL-RJ). O senador recorreu ao Supremo Tribunal Federal para suspender investigações sobre seus crimes em conluio com Fabrício Queiroz, durante o mandato de deputado no Rio de Janeiro.

Perpétua questionou: “Que nervosismo é esse? Que agitação é essa? Por que destila tanto ódio? Será que é porque o deputado não tem explicação para dar para o fato de o seu senador, com medo de ser investigado, foi ao Supremo pedir para não ser investigado, suspender as investigações?”.

A líder da Minoria na Câmara, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), também respondeu aos ataques do filho do presidente, cobrando explicações sobre as denúncias que pairam sobre o clã. “Explique onde está o Queiroz, os cheques do Queiroz à sua família, deputado”, disse.

“O senhor acusa uma mulher que teve a coragem de, imediatamente, pegar o seu celular para entregar à Polícia Federal. Imediatamente! O que fez como jornalista foi pegar as denúncias do chamado hacker e entregar, a bem do serviço público, as notícias que geraram as denúncias do The Intercept, que muito bem estão fazendo à sociedade brasileira”, acrescentou.

Jandira, que comandou a mobilização que reuniu as assinaturas necessárias à instalação de uma CPI para apurar ilegalidades da Operação Lava Jato, pediu que o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), instale a comissão cumprindo o Regimento. “Nós precisamos ir a fundo e investigar isso”, ressaltou.

Ela destacou ainda que o 03 não tem capacidade para representar o Brasil, usa palavras de baixo calão e um português ruim. “Explique o que foram as 'fake news' nas eleições, articulada com o (Steve) Bannon e a Cambridge Analytica. Explique como é que o seu papaizinho quer lhe colocar como embaixador nos Estados Unidos com essa desqualificação, com essa linguagem chula e vergonhosa no parlamento brasileiro”, cobrou.

Para a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), a intervenção feita por Eduardo Bolsonaro “é um demonstrativo da inconsistência, do destempero, da completa falta de inteligência emocional”. “É uma vergonha nacional. É de fato algo que nos deixa extremamente envergonhados e preocupados, porque o Brasil a cada dia desce a ladeira”, completou.