Em matéria de política, ensinam a teoria acadêmica e a pratica da vida, existem diferenças entre aparência e essência. Digo isso para que ninguém desanime ou esmoreça com o não afastamento de Michel Temer na votação desta quarta.

Dia 02 de agosto foi o começo da virada no Parlamento. Virada que expressa a opinião das ruas.

A sobrevivência de Temer já era esperada, nessa primeira acusação, dados os bilhões em "argumento$$$" liberados, para desespero das contas públicas do país, nas últimas semanas.

Mas olhemos o placar: 263 X 227. A aliança que engendrou o golpe em Dilma vinha garantindo um placar muito mais amplo ao governo. Com este resultado, mesmo somando ausências para o campo governista, Temer não aprova a principal medida de seu programa antinacional e antipopular: a Reforma da Previdência. Com isso, tende a perder o apoio dos banqueiros e grandes empresários, que, ao lado de cargos e verbas, lhe garantem os votos no Parlamento.

Temer é odiado pelo povo, leva consigo o estigma da repulsa da quase totalidade da população, que enxergam nele a falta de legitimidade do voto aliada à falta de escrúpulos de seu governo e dos seus. Não à toa, 81% querem-no afastado, apenas 5% o apoiam – ainda que ninguém os conheça em carne e osso, só em margem de erro de pesquisa – e 52% preferiam o governo Dilma.

Tem mais. O maior derrotado da votação foi o maior aliado de Temer até agora: o PSDB. De partido aspirante ao Planalto, o tucanato derreteu, virou irrelevante, fraturado, sem rumo e acéfalo. Temer não tem mais o apoio estruturante de seu desgoverno.

O que vem por aí é imprevisível. No entanto, o ilegítimo gastou o que tinha e o que não tinha para comprar a salvação nessa primeira denúncia. Virão outras, ao menos mais uma e mais grave, por obstrução de justiça e formação de quadrilha. Não haverá mais saída.

Os milhões de desempregados que lutam pelo dia de amanhã, os empregados que perderam seus direitos elementares na maldita reforma trabalhista e todos que temem não conseguir nunca seu direito à aposentadoria começam a se levantar e pressionar o mundo politico. Centrais Sindicais e movimentos organizados estão unidos para derrotar o governo e sua pauta.

Temer é a personificação de um Brasil alquebrado, envergonhado. É a própria crise. Hoje, embora ainda não tenha produzido a vitória, o que está na boca do povo começou a ecoar  no parlamento: Fora, Temer e Diretas Já! A virada do time do povo começou. Nós apenas começamos!

*Deputado federal pelo PCdoB de São Paulo e presidente da Comissão do Trabalho da Câmara.