Na semana passada, o Jornal Nacional revelou que o porteiro do condomínio disse à polícia que Élcio Queiróz, um dos acusados da morte de Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, hora antes do crime, pediu autorização para ir à casa 58, onde morava o presidente, quando foi autorizado pelo “seu jair” a entrar, mas seguiu para a casa 65 de Ronnie Lessa, acusado pelo os disparos contra a vereadora e o motorista.

Após a reportagem e em pouco mais de duas horas, o Ministério Público do Rio de Janeiro fez perícia nos equipamentos para anunciar que o porteiro mentiu no seu depoimento. Uma das promotoras do caso Carmen Eliza Bastos de Carvalho pediu afastamento depois que fotos suas nas redes sociais mostravam apoio seu a Bolsonaro.

Nesta segunda-feira (4), o jornalista Lauro Jardim, de O Globo, revelou no seu blog que a polícia já sabe que o porteiro que prestou os dois depoimentos em outubro — e disse ter ouvido o o.k. do "seu Jair" quando Élcio Queiroz quis entrar no condomínio — ainda está de férias.

A líder da Minoria na Câmara, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) diz que a peça da notícia-crime faz basicamente três solicitações ao STF no sentido de evitar a obstrução das investigações.

“Notícia-crime pede busca e apreensão do material pego por Bolsonaro e Carlos, acautelamento das provas pelo STF, que seja apurada a prática de crime de responsabilidade e que seja instaurado investigação da conduta das promotoras de justiça que se apressaram em desqualificar as provas”, disse a deputada.

A presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR) afirmou que os bolsonaristas se atormentaram com a ação no STF e reagiram imediatamente.

“A dupla Carlos e Jair amanheceu incomodada hoje com pedido que fizemos de busca e apreensão ao condomínio onde moram. Do que tem medo os Bolsonaro? A reação com baixaria denúncia a apreensão. Não nos intimida, continuaremos de olho no que aconteceu no verão passado”, ironizou a parlamentar.

O deputado Ivan Valente disse que são muitas as questões que precisam ser esclarecidas. “O porteiro é outro porteiro. O que aparece no áudio de Carlos Bolsonaro não é o mesmo que diz ter falado com 'seu Jair'. Ou seja, tratam-se de duas pessoas diferentes, que foram apresentadas pelo Carluxo como sendo a mesma. Tudo indica que o destempero do pai tem motivo”, diz.

A deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) afirmou que a tentativa de obstrução de justiça da “famílicia” Bolsonaro no caso Marielle é inadmissível. “Iremos até o fim para descobrir quem é o mandante da execução política”, disse ela.

Notícia-crime

A peça de nove páginas foi assinada pelos líderes do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS), no Senado, Humberto Gosta (PE), e a presidente da sigla, Gleisi Hoffmann. Assinaram ainda os líderes da Minoria, Jandira Feghali (PCdoB-RJ); do PDT, André Figueiredo (CE), e do PSol, Ivan Valente (SP). Mais 13 parlamentares do PT também estão como autores da ação.

No documento, eles alegam que as novas descobertas, tornadas públicas há poucos dias, substanciada em prova material documental e certamente gravações, poderiam indicar novos caminhos na descoberta dos verdadeiros mandantes de crime, inclusive com o envolvimento, em tese, de Bolsonaro e seus filho, “notadamente Carlos Bolsonaro.”

“Nessa quadra, tudo indica que os detalhes finais desse crime foram discutidos e engendrados no referido condomínio em que reside o Presidente da República e seu filho Carlos Bolsonaro, por milicianos que desfrutavam da relação pessoal da família Bolsonaro, ou seja, tanto do Presidente,como de seus filhos”, diz um trecho da peça.