Vamos encerrar o ano de 2016 com o agravamento das crises econômica, política e institucional no Brasil. Apesar do cenário sombrio, esperamos que os representantes das instituições retomem a sensatez, abandonem o golpe e devolvam ao povo o poder de decidir o futuro do país por meio de eleições diretas.

Somente com a soberania do voto popular será possível restabelecer a harmonia entre os poderes e superar a crise que destrói a economia brasileira e as conquistas trazidas pela Constituição de 1988. Antes mesmo de se efetivar a ruptura institucional em maio deste ano, a Bancada do PCdoB já alertava que seriam necessários sucessivos atropelos da lei para assegurar a permanência do presidente ilegítimo Michel Temer.

O que assusta é a rapidez com que se deterioram as relações entre as instituições, pondo em risco a democracia garantida a duras penas.  Sem entrar no mérito das acusações contra Renan Calheiros, é inaceitável que ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello tenha afastado por meio de liminar o presidente do Senado. É uma interferência indevida no Legislativo, um desrespeito à separação e à independência dos poderes.

Atitudes autoritárias não param de se repetir desde que o impeachment contra a presidenta honesta Dilma Rousseff se consolidou. Outra decisão isolada do STF também pode ser considerada uma afronta ao Parlamento. O ministro Luiz Fux determinou que fosse suspensa a tramitação do pacote anticorrupção aprovado na Câmara e em análise no Senado. O texto foi aprovado por mais de 400 deputados e voltou à estaca zero por decisão de um único magistrado.

Temer e equipe se constituíram num núcleo corrupto montado para tirar Dilma. O presidente golpista conduz iniciativas antipopulares que enxugam direitos sociais e trabalhistas importantes, além de não conseguir resolver os grandes problemas nacionais. Acabará o ano com o governo inviabilizado. Mesmo com o clamor das ruas, o governo insiste em uma agenda regressiva de desmonte do Estado brasileiro. A última investida foi encaminhar uma reforma da Previdência que atinge seriamente o direito previdenciário da população. 

Eleições diretas já! Mais do que nunca devemos retomar o voto popular, a melhor alternativa. As perspectivas são ruins, mas temos de manter o otimismo. O nosso compromisso e o esforço da sociedade devem ser para renovar a esperança e superar a maior crise da nossa história.

*Deputado federal pela Bahia e líder do PCdoB na Câmara.