Passado um mês do afastamento de Dilma Rousseff, crescem as chances de a presidenta retornar ao Palácio do Planalto. A cada dia, fatos novos revelando os bastidores do golpe, as trapalhadas e os interesses escusos do interino Michel Temer (PMDB) reforçam a tese de que este governo ilegítimo não é a solução para as crises econômica e política enfrentadas pelo Brasil.

Hoje a volta de Dilma é mais provável por várias razões. Em termos aritméticos, são necessários 54 votos para que a presidenta seja condenada por crime de responsabilidade. Nem todos os 55 senadores que votaram pela abertura do processo darão voto pela condenação, visto que ficou clara a inexistência de fundamento jurídico. Em declarações à imprensa, pelo menos dois desses senadores já admitiram mudar de posição e votar a favor de Dilma. Na prática, essas desistências já seriam suficientes para absolvê-la.

Um sinal de que o jogo está virando é a “preocupação” demonstrada publicamente pelo chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha. O medo da queda de Temer é tanto que os golpistas manobram para antecipar o julgamento para o final de julho. A meta é evitar que o desgaste diário do peemedebista acabe estimulando o retorno de Dilma.

Além de tentar aplicar uma política de Estado derrotada nas urnas, com medidas de enxugamento de conquistas sociais, o interino faz e desfaz atos quando pressionado, sendo obrigado a exonerar dois ministros nos primeiros dias. A secretária de Políticas para as Mulheres. Fátima Pelaes ainda nem assumiu o cargo, e já está dando explicações, sendo provavelmente a próxima a cair. Conforme a Procuradoria-Geral da República (PGR), a ex-deputada participou de uma “articulação criminosa” para desviar R$ 4 milhões de suas emendas parlamentares.

O elemento mais grave, entretanto, que faz senadores repensarem o voto é a revelação do conteúdo das gravações do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado com expoentes do PMDB, como Renan Calheiros, Romero Jucá e José Sarney. Os áudios apresentam em detalhes a tramoia para tirar Dilma do poder, uma presidenta honesta, para barrar as investigações da Operação Lava Jato. Isso contraria o clamor popular pelo fim da corrupção.

A sociedade agora percebe o retrocesso representado por Temer que favorece corruptos e adota uma agenda contrária aos interesses nacionais. Neste cenário, a volta de Dilma torna-se cada vez mais possível. Em meio a dificuldades de governabilidade, o retorno da presidenta ganha força com a defesa do plebiscito, a consulta da população sobre antecipar ou não as eleições presidenciais. O certo é que Temer se desmoraliza cada vez mais. O povo brasileiro não merece essa corja. Que horas ela volta? Espero que logo. 

*Deputado federal pela Bahia e líder do PCdoB na Câmara.