Após as fracassadas tentativas de acordo para acabar com a paralisação dos caminhoneiros, o governo Temer aposta na edição de três medidas provisórias para pôr fim à crise no país. Após nova rodada de negociações, Temer editou três MPs – que chegaram nesta segunda-feira (28) ao Congresso – atendendo alguns dos pleitos dos caminhoneiros. No entanto, as medidas são vistas com preocupação pelo líder do PCdoB na Câmara, deputado Orlando Silva (PCdoB-SP).

Em entrevista coletiva, Orlando defendeu que a falta de liderança do governo fez com que a crise apenas aumentasse. “Foi uma sucessão de trapalhadas que fez com que a crise só crescesse desde que começou o movimento dos caminhoneiros. Quanto mais o tempo passa, mais o governo perde em termos de negociações. Mas é preciso tomar cuidado. O Congresso deve discutir com paciência as medidas enviadas pelo governo e talvez estimular uma mesa multilateral, com governadores, para buscar uma saída sustentável, pois acredito que há risco de que essas medidas adotadas por Temer possam aumentar as dificuldades que o Brasil atravessa”, destacou.

Entre as MPs enviadas ao Congresso, estão a 831/18, que reserva 30% do frete contratado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para cooperativas de transporte autônomo, sindicatos e associações de autônomos; a 832, que institui a Política de Preços Mínimos do Transporte Rodoviário de Cargas; e a 833, que dispensa o pagamento de pedágio do eixo suspenso de caminhões, uma das principais reivindicações dos grevistas.

Para Orlando Silva, Temer assinou um “cheque em branco” que pode acabar acentuando a crise no país.

“O governo deveria ter dialogado com os estados, por exemplo, antes de editar essas medidas. Uma delas isenta o eixo levantado nos pedágios. Temos no país rodovias federais, estaduais e contratos. Como se poderá permitir a quebra dos contratos?  A forma atabalhoada que o governo está conduzindo essa crise pode gerar mais insegurança jurídica e mais instabilidade. O governo fala em ter um preço mínimo de frete, mas ato contínuo à votação dessa medida virão setores que contratam esses fretes questionar esse piso. Não existe tabelamento de preço de frete no Brasil e certamente quem pagará essa conta será o consumidor, pois o preço desse frete passará para o consumidor”, explicou.

O parlamentar acredita que a saída para a crise dos combustíveis passa diretamente pela revisão da política de preços da Petrobras e do plano de desinvestimento da estatal. “É inevitável rever a política de preços da Petrobras e, a médio prazo, o plano de desinvestimento da empresa. O Brasil já foi um país que exportou gasolina e hoje importa. Os números de importação de diesel do ano passado são recordes e, ao mesmo tempo, a Petrobras realiza um programa de desinvestimento que, na prática, significa reduzir a capacidade de refino, reduzir a capacidade de processamento do petróleo. No médio prazo, isso vai aumentar a dependência brasileira da importação de combustível. Isso que causa mais instabilidade hoje e vai causar no futuro”, disse. 

Confira a íntegra da coletiva.