Líderes que compõem a bancada da Minoria da Câmara dos Deputados recorreram ao Tribunal de Contas da União (TCU), nesta quarta-feira (31), para formalizar uma denúncia contra o Ministério da Saúde e a Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República (Secom). O motivo são as irregularidades observadas em campanhas publicitárias feitas com influenciadores digitais que somam mais de R$ 1,3 milhão, em muitos casos, promovendo informações equivocadas sobre a pandemia, causando confusão ao recomendar um suposto atendimento precoce contra a Covid.

A denúncia foi protocolada com base em uma reportagem da Agência Pública, que apontou as ilegalidades e destacou que, do montante citado, R$ 85,9 mil foram destinados ao pagamento de cachês para 19 “famosos” nas redes sociais, contratados para divulgar as campanhas do governo em seus perfis pessoais. O veículo ainda ressalta que nenhuma das campanhas pagas com dinheiro público mencionava o isolamento social como prática necessária para conter a transmissão do novo coronavírus.

Apesar de as postagens não trazerem menção ao chamado ao “tratamento precoce” do qual Bolsonaro é irresponsavelmente entusiasta – já que o uso de medicamentos como cloroquina e ivermectina se comprovaram ineficazes e arriscados por meio de pesquisas científicas – a campanha oficial do governo confunde com frequência os termos “tratamento” e “atendimento”.

Em 16 de janeiro, uma publicação do Ministério da Saúde foi marcada pelo Twitter como “informação enganosa e potencialmente prejudicial” por mandar os cidadãos que tivessem sintomas da doença buscar uma UBS e solicitar o tal tratamento.

O ofício assinado pelo líder da Minoria, Marcelo Freixo (PSol-RJ); da Oposição, Alessandro Molon (PSB-RJ); e os líderes dos partidos Bohn Gass (PT-RS), Danilo Cabral (PSB-PE), Wolney Queiroz (PDT-PE), Talíria Petrone (PSol-RJ), Renildo Calheiros (PCdoB-PE) e Joenia Wapichana (Rede-RR) solicita que o TCU investigue o caso e culpabilize os responsáveis em razão dos gastos públicos realizados para promover medicamentos ineficazes no combate à doença.

“É inadmissível que, num momento em que milhares de pessoas estão morrendo pela proliferação do novo coronavírus, o governo federal utilize milhões de reais para financiar publicidade com a finalidade ilegal”, enfatiza o documento.