Em discurso nesta quarta-feira (12), no Seminário de Abertura do Ano Legislativo da Revista Voto, o ministro da Economia, Paulo Gudes, justificou como positivo o dólar em alta diferente do período do real mais valorizado quando a empregada doméstica estava indo para a Disney, “uma festa danada”.

O ministro sugeriu aos brasileiros: “Espera aí, vai passear em Foz do Iguaçu, vai passear no Nordeste, está cheio de praia bonita, vai para Cachoeira do Itapemirim conhecer onde Roberto Carlos nasceu”.

No Congresso, vários parlamentares reagiram com indignação mais uma discriminação contra os trabalhadores brasileiros. O ministro já havia chamado os servidores públicos de “parasitas”.

A líder da Minoria na Câmara dos Deputados, Jandira Feghali (PCdoB-RJ), mandou um recado para as trabalhadoras: “Atenção, empregada doméstica. Na lógica do ministro Paulo Guedes, era muito ruim você ter que viajar com sua família várias vezes ao ano. Mas agora com o Governo Bolsonaro é bom porque você não viaja mais. Esse Governo te odeia, viu?”.

A vice-líder da Minoria, Alice Portugal (PCdoB-BA), classificou a fala como preconceituosa e elitista.

“Para ele, um empregado doméstico não é um trabalhador que tenha direitos, que possa fazer uma viagem para se divertir com sua família, por exemplo. É uma visão ultraliberal, ajoelhada aos interesses econômicos externos. A reforma trabalhista que tirou direitos dos trabalhadores, agora ele consegue piorar com a MP 905 e a PEC 186, tirando os direitos mínimos dos mais pobres”, diz.

O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) diz que os desatinos do ministro lhe fizeram lembrar do professor Luiz Gonzaga Belluzzo: “Os reiterados disparates ditos por Paulo Guedes, tido e havido pelos mercados como a parte que presta do desgoverno, me fazem lembrar a observação do professor: ‘O Brasil não tem elites, o Brasil só tem ricos’. Nada mais verdadeiro e triste”.

Já o vice-líder do PCdoB na Câmara, deputado Márcio Jerry (MA), destacou que “essa gente tem aversão a pobres e cultua ditadores”.