A Câmara dos Deputados foi palco de discussão do setor aeronáutico brasileiro nesta quarta-feira (7). Em audiência pública promovida pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CREDN) da Casa, estiveram presentes representantes da Agência Espacial e da Aeronáutica para debater com deputados o futuro do Centro de Lançamento de Alcântara.

O centro foi criado há 34 anos e sua localização estratégica – próxima à Linha do Equador – gera uma economia de até 30% no uso de combustível para o lançamento de satélites, tornando o centro competitivo em relação a outras localidades. Mas o que gera preocupação aos interessados no desenvolvimento da área no Brasil é a falta de investimento – e de visão do Estado.

Para a deputada Jô Moraes (PCdoB-MG), membro da CREDN, é preciso fomentar e incentivar os setores da sociedade que têm compromisso com projetos estratégicos de desenvolvimento da ciência e da tecnologia no país.

“Discutir a Base de Alcântara e sua retomada é discutir uma política aeroespacial que cria inúmeras possibilidades para o Brasil. É lamentável que o país, em meio a esta crise, libere os demais pagamentos que são substanciais e contingencie um recurso ‘insignificante’ de R$ 300 milhões para a Agência Espacial Brasileira. Deste valor, 43% está contingenciado. Isso é um crime contra o país e contra a área, que nós tanto precisamos”, defende a parlamentar. 

O CLA está atualmente com 97 operações de lançamento em andamento. Há quatro outras previstas para este ano – uma para esta quinta-feira (8), as outras para setembro, outubro e dezembro. Desde que foi criado, foram lançados 475 foguetes.

A ex-deputada Perpétua Almeida, presidente do Instituto de Estudos de Defesa e Inovação (IBEDI), salientou a necessidade de expandir as atividades da base. “O Centro é uma das mais cobiçadas bases aeroespaciais do mundo. Precisamos investir importantes recursos e, ao mesmo tempo, construir parcerias para que o Brasil possa ser capaz de projetar, desenvolver, produzir e operar um lançador brasileiro de satélites de pequeno porte. Se o entrarmos neste ‘negócio’, além dos benefícios econômicos, geração de emprego e renda, teremos a consolidação de um setor industrial de alta tecnologia nacional, com efeitos progressivos nessa cadeia produtiva”, defendeu.

O diretor-geral do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial do Comando da Aeronáutica, brigadeiro do ar Carlos Augusto Amaral, disse que, de 2009 até hoje, foram investidos R$ 385 milhões em infraestrutura e desenvolvimento de projetos em Alcântara. Para este ano, estão previstos R$ 4, 4 milhões. Mas, de acordo com o militar, para manter a base seriam necessários R$ 200 milhões por ano.