O Brasil passa pelo momento mais grave da pandemia desde março de 2020, quando o primeiro caso foi registrado no país. Com mais de 287 mil mortes, colapso no sistema de saúde, falta de leitos em UTIs, e lentidão na imunização da população por falta de vacinas, muitos governadores determinaram o fechamento de atividades não essenciais e toque de recolher, numa tentativa extrema de diminuir a transmissão do vírus.

Contrário ao lockdown, Bolsonaro, mais uma vez, age como aliado do coronavírus. Desta vez, acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) para derrubar os decretos dos governos do DF, da Bahia e do Rio Grande do Sul, que determinaram restrições de circulação de pessoas diante do aumento expressivo do número de mortes e transmissão da Covid-19.

Na ação, o governo federal pede que o Supremo determine que o fechamento de atividades não essenciais durante a pandemia só pode ter por base uma lei aprovada pelo Legislativo, e não decretos de governadores.

O líder do PCdoB na Câmara, deputado Renildo Calheiros (PE), criticou a ação de Bolsonaro. “No momento mais grave da pandemia, Bolsonaro aciona STF para derrubar decretos de governadores. O governo federal ataca sistematicamente governadores e prefeitos que ousam tomar iniciativas na falta de uma coordenação nacional”, pontuou.

Para o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), com a ação, Bolsonaro demonstra que quer “cavar mais covas. “Aos incautos que nutriam expectativas de entendimento ou soluções comandadas pelo governo federal, a dura realidade: Bolsonaro foi ao STF contra as medidas de restrição de governos e prefeituras. A única solução proposta por Bolsonaro é cavar mais covas. #BolsonaroGenocidaSim”, postou o parlamentar em suas redes sociais.

Na ação, Bolsonaro requer à Corte que se “estabeleça que, mesmo em casos de necessidade sanitária comprovada, medidas de fechamento de serviços não essenciais exigem respaldo legal e devem preservar o mínimo de autonomia econômica das pessoas, possibilitando a subsistência pessoal e familiar”.

“Bolsonaro é o único responsável pelo caos e a fome! Não aceitou o auxílio emergencial de R$ 600. Oferece agora R$ 150 para uns e R$ 250 para outros! Sabota o trabalho dos governadores e se negou a comprar vacinas. Já podíamos ter vacinado muitos brasileiros”, declarou a vice-líder do PCdoB, deputada Perpétua Almeida (AC).

Na prática, com a ação, Bolsonaro, que nega a gravidade da doença desde o início da pandemia e que já não tem coordenado ações efetivas para conter o avanço do vírus no país, dificulta a adoção de medidas urgentes pelos governadores.

Em sua conta no Twitter, a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), voltou a classificar o presidente de “genocida” pela tentativa de conter a ação dos governos contra a grave crise sanitária.

O Brasil registra há 57 dias seguidos média móvel de mortes acima da marca de 1 mil, e pelo décimo primeiro dia a marca aparece acima de 1,5 mil. Foram 20 recordes seguidos nesse índice, registrados de 27 de fevereiro até esta quinta-feira (18). Mesmo assim, Bolsonaro mantém postura contrária ao distanciamento social e à restrição de circulação de pessoas.

Em sua live semanal, nesta quinta-feira (18), Bolsonaro disse que está recorrendo ao STF para acabar com "abusos" e que, na visão dele, os governadores impuseram "estado de sítio".