Mais uma declaração infeliz do primeiro escalão do governo Bolsonaro movimentou as redes sociais nesta terça-feira (12). Desta vez, a pérola veio do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, sobre o seringueiro e ativista Chico Mendes. Em entrevista no programa Roda Viva, na noite de segunda-feira (11), os jornalistas perguntaram a Salles sua opinião em relação a Chico Mendes, assassinado em 1988, em Xapuri, no Acre, por fazendeiros que se opunham às suas ações pela preservação da Amazônia. Em resposta, ele disse: “Que diferença faz quem é Chico Mendes neste momento?".

O chefe da pasta do Meio Ambiente disse ainda que desconhece a história de Chico Mendes e que ouve relatos contraditórios sobre sua vida. "Do lado dos ambientalistas, mais ligados à esquerda, há um enaltecimento do Chico Mendes. As pessoas que são do agro, que são da região dizem que o Chico Mendes não era isso que é contado, que se aproveitava dos seringueiros", disse.

As declarações foram criticadas nas redes sociais e no Parlamento. A hashtag Chico Mendes ficou entre as mais comentadas no Twitter. Em sua conta na plataforma, a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) recomendou que Salles assistisse a um vídeo do ex-presidente Lula sobre o líder seringueiro. No vídeo, gravado pouco tempo depois do assassinato de Chico Mendes, Lula reafirmava a luta de Mendes pela defesa da Amazônia.

"Será que essas pessoas são tão burras que imaginam que matando o Chico Mendes mataram a luta do Chico Mendes? Chico Mendes foi covardemente assassinado na porta de sua casa em Xapuri, por fazendeiros que queriam invadir terras e derrubar a floresta”, disse Lula à época.

Já para a deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC), desconhecer a importância de Chico Mendes para a preservação da floresta é desrespeitar a Amazônia, a história do líder, dos amazônidas e do povo do Acre. “Ele foi um mártir da floresta. A história da Amazônia não dá para ser contada sem o Chico”, disse a parlamentar.

Chico Mendes foi condecorado pela ONU em 1987 por sua luta em defesa do meio ambiente. O ecologista ajudou a organizar o trabalho e a resistência dos seringueiros e foi fundador da primeira reserva extrativista do Brasil, com 40 mil hectares de exploração conservacionista, em São Luiz do Remanso, situado a 80 quilômetros de Rio Branco, capital do Acre. Sua morte repercutiu no mundo inteiro, onde era conhecido como o “herói da floresta”, tendo sido o único brasileiro a participar, em 1988, de uma reunião de 500 ecologistas de todo o mundo na ONU.

Em dezembro de 1990, depois de um julgamento que durou quatro dias, os assassinos de Chico Mendes foram condenados a 19 anos de prisão.

*Com informações do Portal Vermelho