Após a compra de parlamentares para se livrar do início imediato das investigações por corrupção passiva, Temer corta mais de meio milhão de benefícios do programa Bolsa Família. É o corte mais drástico do principal programa social do país desde sua criação, em 2003.

De acordo com dados divulgados pelo Ministério de Desenvolvimento Social e Agrário, entre junho e julho deste ano, 543 mil famílias perderam o benefício. O corte inclui suspensões para avaliação e cancelamentos, segundo o ministério. Ao todo, o programa pagou 12.740.640 famílias em julho.

A suspensão dessas famílias faz parte da duvidosa política de “contenção de gastos” do governo do ilegítimo para “equilibrar” as contas públicas. Para o deputado Chico Lopes (PCdoB-CE), no entanto, é uma medida inaceitável e que condenará milhares de brasileiros à fome.

"É inacreditável e inaceitável que o governo federal, ao mesmo tempo em que libera emendas, recursos e cargos para que deputados votem a favor da permanência de Michel Temer no poder, venha a cortar o benefício social de quem mais precisa, tirando milhares de brasileiros do Bolsa Família", critica o parlamentar.

Só no Ceará, seu estado de origem, 41.691 famílias não contam mais com o benefício do programa. “Esse é um golpe muito duro em um dos programas de segurança alimentar que foram mantidos nos governos Lula e Dilma e se tornaram exemplos para o mundo, com milhões de pessoas retiradas de um cenário de fome e alcançando condições para trabalhar, ter seus filhos estudando, para melhorar de vida", lembra Chico Lopes.

Criado em 2003 pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva como forma de garantir condições mínimas de vida para pessoas que estavam abaixo da linha da pobreza. O programa chegou a atender mais de 13 milhões de famílias, mas com os cortes decretados pelo governo, a tendência é reduzir a cada mês.

“Não podemos aceitar que isso se perca. Cortar o Bolsa Família é cortar a comida no prato dos cidadãos. É arriscar consequências perigosas, como desespero, convulsão social, violência. Precisamos de mobilização para garantir que esses benefícios sejam retomados”, afirma Chico Lopes.

Em nota divulgada na última sexta-feira (11), a ex-presidente Dilma Rousseff classificou como “estarrecedor” o corte e afirmou que desde o golpe de 2016, “os pobres estão sendo retirados do orçamento da União”.