Homens, brancos, ricos e investigados por corrupção. Este é o perfil médio do ministério escolhido por Michel Temer (PMDB) que assumiu interinamente a Presidência da República após tramar sem pudor golpe contra a parceira de chapa Dilma Rousseff, primeira presidenta da história do Brasil.

O retrato do governo ilegítimo de Temer revela ainda mais os motivos que levaram o vice-presidente da República a patrocinar a interrupção democrática, promovendo, na prática, uma eleição indireta para o Palácio do Planalto. Sem tradição de diálogo com os movimentos sociais democráticos, a equipe do peemedebista terá a missão de implantar na marra um projeto político neoliberal, derrotado nas urnas em 2014.

O avanço do golpe no país só foi possível graças ao empenho de setores do Judiciário, do Ministério Público, da oposição e da mídia. Se não fossem as artimanhas espúrias do então presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o processo não teria chegado ao Senado. O afastamento da presidenta honesta não teria ocorrido nesta semana. Não existe crime de responsabilidade que o justifique.

Fica claro que a elite brasileira usou Cunha para derrubar Dilma e viabilizar seus interesses. É certo que haverá prejuízos graves para os brasileiros mais pobres. O discurso de que programas sociais – Bolsa Família, Prouni e Minha Casa, Minha Vida – serão “aprimorados” significa que sofrerão um enxugamento profundo. O próprio ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, tem dito que o corte de despesas públicas será o foco da gestão.

A grande vítima, entretanto, deve ser o trabalhador que enfrentará retrocessos e ameaças a direitos duramente conquistados. Uma das primeiras medidas estruturais que deve ser anunciada pelo governo golpista é propor aposentadoria com idade mínima de 65 anos para homens e de 60 anos para mulheres. Vale lembrar que, em alguns estados, o cidadão terá de trabalhar até a morte, sem ter a oportunidade de desfrutar do merecido descanso, tendo em vista a baixa expectativa de vida das pessoas.

Com a perspectiva de tempos sombrios, é fundamental que todos se mantenham em vigília permanente nas ruas para lutar contra tentativas de redução de direitos sociais e trabalhistas. É hora de resistir! Perdemos uma batalha esta semana no Senado, mas a grande luta está apenas começando. Grandes desafios virão.

*Deputado federal pela Bahia e líder do PCdoB na Câmara dos Deputados.