A Câmara aprovou nesta quarta-feira (6), por 310 votos favoráveis e 142 contrários, requerimento apresentado pelo PCdoB e demais partidos de oposição, que convoca o ministro da Economia, Paulo Guedes, a prestar esclarecimentos em plenário sobre a revelação de que ele é sócio de uma empresa no exterior com patrimônio de 9,55 milhões de dólares (cerca de R$ 51 milhões).

Por ter sido convocado, o ministro é obrigado a comparecer.

Para o líder do PCdoB na Câmara, deputado Renildo Calheiros (PE), o governo do presidente Jair Bolsonaro "deve explicações ao Brasil". "É preciso esclarecer se houve conflito de interesses. Uma das suspeitas a serem apuradas é se a política de desvalorização do real elevou o patrimônio da empresa de Guedes", afirmou.

A notícia sobre a offshore foi publicada pelos sites da revista Piauí e Poder360, que integram o consórcio internacional de jornalistas investigativos que teve acesso a milhões de documentos sobre offshores em paraísos fiscais (Pandora Papers).

O vazamento também aponta empresa no exterior em nome do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

Ao encaminhar o voto favorável à convocação do ministro, o vice-líder do partido Daniel Almeida (PCdoB-BA) destacou que a conduta de Guedes é "suspeita e condenável".

"O ministro está envolvido em coisas muito graves, muitíssimo graves. Há desconfiança por parte da sociedade, do mercado, do mundo político e econômico. É extremamente justificável. A desconfiança é profunda. Portanto, o ministro tem que vir aqui. Está no regimento. Esta Casa tem a prerrogativa de convocar", frisou o parlamentar.

A sessão para ouvir o ministro ainda não tem data marcada, mas poderá ser realizada na próxima semana.