O Ministério da Educação continua acéfalo. Cinco dias após ter sido anunciado por Jair Bolsonaro para o comando da Pasta, Carlos Alberto Decotelli entregou, nesta terça-feira (30), sua carta de demissão ao governo sem ter tomado posse, após revelações de fraudes em seu currículo terem sido expostas. O governo, no entanto, ainda não oficializou sua saída.

A carta de demissão foi o meio encontrado pelo governo para tentar pôr fim à crise estabelecida desde que os títulos de Decotelli começaram a ser contestados pelas instituições de ensino. Entre eles, o doutorado na Argentina, o pós-doutorado na Alemanha, além da denúncia de plágio na dissertação de mestrado na Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Para a líder do PCdoB na Câmara, deputada Perpétua Almeida (AC), apesar de esse ser um governo marcado por fake news, seria vergonhoso acobertar tais inconsistências.

“Decotelli entregou a carta de demissão antes mesmo de ser empossado. Foi ministro sem ter sido. Foi doutor sem ter sido. Foi pós-doutor sem ter sido. Em um governo de tantas mentiras, acobertar mais essas inconsistências seria vergonhoso. Nada justifica a maior autoridade educacional do país mentir exatamente sobre sua educação. O Brasil está há um ano e meio sem ministro da Educação. Seguimos com a esperança de finalmente encontrar alguém à altura do cargo o quanto antes”, declarou a parlamentar.

A deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) reiterou que a educação brasileira continua órfã. “O MEC continua sem destino, sem rumo. Carlos Decotelli mostrou que é a cara deste governo da mentira. O que será da educação brasileira com tamanho descaso? Total falta de compromisso com uma das áreas mais estratégicas para o desenvolvimento de uma nação! Queremos saber como resolveremos o problema do Fundeb, queremos definir o destino do Enem. A educação brasileira não pode continuar órfã”, declarou.

O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) também comentou o caso. “Que o governo Bolsonaro seria um fiasco não precisava ser gênio para saber. Mas confesso que às vezes fico surpreso com a tragicômica incompetência desse bando. Um governo que não consegue pesquisar um currículo antes de indicar o ministro da Educação é de um amadorismo atroz”, afirmou.

O parlamentar destacou ainda que o Brasil possui enormes desafios que exigem a melhor formação dos nossos jovens, excelência das universidades e grande capacidade de inovação da ciência e tecnologia. “Lá não é lugar para amadores nem fanáticos anti-globalistas culturais”, afirmou Orlando.

Já o deputado Márcio Jerry (PCdoB-MA) disse ser "uma piada de mau gosto a dupla Bolsonaro&Decotelli". "Brasil todo dia sendo envergonhado por esse acidente trágico chamado Bolsonaro", destacou o parlamentar.