A voz dos trabalhadores ecoou mais alto no Senado nesta terça-feira (20). A Comissão de Assuntos Sociais (CAS) da Casa rejeitou, por 10 votos a 9, a proposta de reforma trabalhista apresentada pelo governo. O resultado pegou os aliados de Temer de surpresa: eles contavam com um placar favorável às mudanças, de 12 a 7 ou 11 a 8 votos.

Com a rejeição do relatório de Ricardo Ferraço (PSDB-ES), o parecer aprovado pelo colegiado foi o voto em separado do senador Paulo Paim (PT-RS), que apresentou diversas alterações no texto encaminhado pela Câmara dos Deputados.

Os parlamentares da Oposição vêm tentando barrar o projeto desde o início de sua tramitação no Congresso. Hoje, não foi diferente. Os senadores apelaram aos demais que votassem contra o texto, evidenciando o quão nociva a proposta é ao país. Para Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), “a vitória foi dos trabalhadores, e a maior que já tivemos”.

“Eles não esperavam por isso, e esta é a comissão de mérito! Com esse resultado, ainda estamos abertos a negociações. O Brasil precisa de reforma? Sim, precisa. Mas de uma que de fato amplie o número de empregos, que garanta os direitos dos trabalhadores, que melhore a produtividade. Do jeito que está, essa proposta precariza as relações de trabalho e acaba com as principais conquistas dos trabalhadores”, apontou a senadora.

Apesar de ter sido derrotada na CAS, a proposta do governo não tem sua tramitação interrompida, já que a decisão do colegiado é um parecer, e a decisão final cabe ao Plenário daquela Casa. A matéria agora é encaminhada para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, onde deve ser lida pelo líder do governo na Casa, Romero Jucá (PMDB-RR), ainda nesta quarta-feira (21).

Para a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), vice-líder da Minoria na Câmara, a vitória na CAS demonstra a fragilidade de um governo afundado em denúncias de corrupção e fragilidades políticas.

“Importantíssima e profunda derrota de Temer. Ao rejeitarem o relatório de Ferraço, os senadores conseguiram, em um Congresso de maioria empresarial, derrotar um projeto que muda 117 artigos da CLT. É o sinal dos tempos, eles não conseguem se desvencilhar da lama onde se meteram”, analisa a parlamentar.