O centro de São Paulo, há quase cinquenta anos, foi palco de inúmeras manifestações políticas contra o Regime que seguia a endurecer no Brasil. Como no Rio, onde a região central deflagrou a Passeata dos Cem Mil em 1968, expressão imortalizada pelo jornalista Pery Cotta, a capital paulista também teve seus registros históricos na luta pela liberdade. Hoje, as ruas são palco de outro tipo de manifestação.

A marcha do último domingo (16) atacou com ódio e intolerância a democracia, os partidos políticos, a Esquerda, e – pasmem – até a República, retomando, assim, seus tradicionais impropérios contra o bom senso. Nessa profusão de ataques, que desconhecem a história e a luta dos que combateram a ditadura, a professora Inoil Rodrigues foi severamente hostilizada por, simplesmente, usar vermelho.

A “Marcha da Insensatez” frustrou seus organizadores e não apresentou nenhuma proposta ao país. No contraponto aos absurdos vistos, o Brasil irá às ruas na próxima quinta-feira (20), em diversas capitais do país. Vários atos unificados de trabalhadores, movimentos sociais, entidades estudantis e sociedade não organizada farão a defesa dos pilares do Estado Democrático de Direito e exigirão mais direitos.

Nosso país não pode ficar submisso à agenda midiática da crise ou do oportunismo político da oposição, que caminha sobre o tapete da histeria coletiva. Vale lembrar que a presidenta Dilma Rousseff, de forma sensível e republicana, tentou abrir o diálogo com líderes oposicionistas, mas estes recusaram pensar o Brasil, numa clara tentativa de desgastar o governo federal e colocar em risco o país.

As forças progressistas estarão nas ruas para pedir que se avance numa agenda nacional de ampliação de novos direitos e manutenção de outros. Serão vozes em uníssono na defesa da democracia e contra o golpe, pelo combate à precarização do trabalho, à corrupção e à sonegação, além de inúmeras reformas estruturantes, como a tributária e taxação de grandes fortunas, e a reforma urbana, com a possibilidade de cidades mais inclusivas.

Estarão presentes nas ruas as mães contra a redução da maioridade penal e a violência contra mulher. Estudantes erguerão a bandeira pela Educação de qualidade e condenarão as mortes nas periferias. Os movimentos LGBT lutarão contra o preconceito. Todos de mãos dadas, juntos, sem violência.

A participação nos atos do dia 20 é um momento importante de reflexão e de luta pela democracia em nosso País, seja na busca de políticas públicas, seja na defesa do mandato constitucional da presidenta, legitimamente eleita por 54 milhões de brasileiros. É a marcha do avanço contra a caminhada do retrocesso.

Vamos caminhar com senso crítico, pedindo por avanços onde ele ainda não aconteceu e defendendo aqueles que já alcançamos. Vamos marchar, principalmente, reiterando nosso apoio a um projeto inclusivo, de desenvolvimento econômico e social, também voltado ao combate às desigualdades. Vamos às ruas gritar NÃO ao golpe!! É hora de erguer a cabeça, com o coração tomado de tolerância e solidariedade. Com a certeza de que o único caminho possível é aquele que se trilha tendo como aliados a liberdade e a democracia. Marchemos!

#NãoVaiTerGolpe

*Médica, deputada federal (RJ) e líder do PCdoB