“Da Petrobras não abro mão, quero petróleo 100% da nação.” Com este brado, petroleiros e representantes de movimentos sociais deram o tom do lançamento da Frente em Defesa da Petrobras, realizado nesta terça-feira (24), na Câmara dos Deputados. No ato, o presidente do colegiado, deputado Davidson Magalhães (PCdoB-BA), denunciou as novas tentativas tucanas de enfraquecer a estatal e “entregar” o pré-sal ao capital privado.

Na última semana, o senador José Serra (PSDB-SP) apresentou o Projeto de Lei (PL) 131/15 para pôr fim ao modelo de partilha que garante participação mínima de 30% da Petrobras na exploração e investimentos em saúde e educação – aprovado em 2010, no governo Lula. A apresentação da proposta passou sem debates no Senado, aproveitando a crise política atual, reforçada pela grande mídia, em torno da operação Lava Jato.

“Esse projeto é um cumprimento de promessa. Serra havia comprometido com executivos da Chevron, segundo informações da Wikileaks, de que ele acabaria com esse regime de partilha, que garante que o petróleo explorado no pré-sal é de propriedade do Brasil, e que a exploração teria exclusividade da Petrobras, podendo se consorciar com outras empresas. Isso é cumprimento de promessa do PSDB, que sempre tentou privatizar a Petrobras”, afirma Davidson Magalhães.

O deputado se refere às “garantias” de que Patrícia Padral, diretora da petroleira americana Chevron no Brasil, teria obtido de Serra de que, com ele presidente, as petroleiras estrangeiras não deveriam se preocupar com a “onda nacionalista” em torno do pré-sal. À época, Serra era candidato à Presidência da República pelo PSDB.

“Essas artimanhas contra a Petrobras não são novas. É por causa delas que precisamos desta frente. Eles querem que a Petrobras saia do refino, do processo de comercialização de combustível, da produção de fertilizantes, da indústria petroquímica, porque na verdade, querem que voltemos ao estado de exportação de produtos primários, que não tem valor agregado. Isso significa voltar aos tempos de colônia, onde se exporta apenas produto sem beneficiamento, com baixa tecnologia, deixando o Brasil dependente das refinarias internacionais. Não vamos permitir”, declara Magalhães.

A defesa da estatal foi reforçada pelos participantes do ato. Para o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), José Maria Rangel, a categoria não permitirá o sucateamento da estatal. "É bom que todos saibam que quando chegamos à empresa, em 2002, ela se encontrava na UTI, pronta para descer os sete palmos. Essa é a Petrobras que eles [tucanos] criaram e tanto defendem e, que nós, tivemos a competência de transformar numa das maiores empresas do mundo.”

Para a deputada Luciana Santos (PCdoB-PE), a frente terá uma tarefa grande a ser cumprida. “Nós precisamos fazer valer essas batalhas de ideias para garantir a defesa da nossa petrolífera. Precisamos desmascarar esse discurso de que a Petrobras reduziu seu preço de mercado. Esse preço é o de mercado financeiro, não é real. Não vamos aceitar essa manipulação”, afirma. “Não se pode colocar em xeque a Petrobras”, completa o deputado Aliel Machado (PCdoB-PR), que coordenará os debates da frente na região Sul.

Entre as atividades previstas para o grupo, estão visitas à Petrobras, à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e realização de audiências públicas.