O monitoramento de jornalistas e influenciadores digitais pelo governo Bolsonaro pode virar algo de investigação na Câmara. Nesta quarta-feira (2), a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) protocolou requerimento solicitando a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o levantamento feito pela empresa BR+Comunicação para o Ministério da Economia. No mapeamento, a empresa classifica 77 influenciadores como “detratores”, “neutros informativos” e “favoráveis”.

A lista, divulgada pelo portal UOL, focava as publicações em redes sociais sobre o ministro Paulo Guedes, mas a deputada Jandira Feghali quer estender a investigação às outras Pastas e áreas do governo, visto que a prática tem sido recorrente. Antes da lista de Guedes, já havia vindo à tona a criação de um dossiê contra policiais e acadêmicos antifascismo, além do monitoramento de parlamentares – entre eles, a própria Jandira Feghali.

“Lembramos que tal levantamento não é o primeiro. Outras “listas” foram trazidas a público com rastreamento de posicionamento político de servidores e parlamentares o que faz necessário investigar a legalidade de contratação de empresa privada com recursos públicos para monitoramento de lideres políticos, formadores de opinião, jornalistas e cidadãos”, resumiu a deputada.

Para ela, além de apurar os valores gastos no levantamento é preciso saber quais agentes públicos estão envolvidos e as razões. “Estamos num novo monitoramento, numa nova perseguição política?”

Para que a CPI seja instalada são necessárias 171 assinaturas. Como não há cinco CPIs hoje em funcionamento na Câmara, uma nova comissão pode, regimentalmente, ser instalada. O colegiado, caso instalado, contará com 31 deputados titulares e igual número de suplentes, e funcionará por 120 dias, prorrogáveis por mais 60.

A hashtag #CPIdosDetratores esteve em primeiro lugar nos Trend Topics do Brasil, no Twitter, nesta quarta-feira (2). Para a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), co-autora do pedido de CPI, é essencial investigar o que está por trás desse monitoramento.

“Bolsonaro não pode se calar. Vamos descobrir a verdade. É muito grave o que ocorre neste governo”, afirmou.