Líderes de partidos de Oposição anunciaram na noite dessa terça-feira (10) que farão obstrução política em protesto pela prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no último sábado (7). De acordo como líder do PCdoB, deputado Orlando Silva (SP), a Câmara não pode virar as costas para o momento de crise que vive o país.

“Vamos debater a atual situação política do país. A Câmara não pode dar uma de avestruz e não se manifestar sobre o que está acontecendo. Quem assistiu aos atropelos operados pela 1ª e 2ª instâncias percebe que seguem os abusos de autoridade, atingindo apenas algumas figuras da cena política brasileira”, criticou o parlamentar.

Os parlamentares do PCdoB, do PT, do PDT, do PSol e do PSB obstruem a sessão que tentaria votar o projeto que estabelece o Sistema Único de Segurança Pública. Na ocasião, o deputado Alberto Fraga (DEM-DF), relator da matéria, chegou a chamar as legendas de irresponsáveis por impedir a votação da matéria. O argumento, no entanto, foi imediatamente rebatido pelo líder comunista.

Orlando classificou de injusta a fala de Fraga, uma vez que a Oposição tem discutido ponto a ponto o relatório apresentado pelo parlamentar. “O deputado Fraga erra e é injusto quando questiona nosso posicionamento político. Não somos irresponsáveis, defendemos medidas estruturantes para a segurança pública no país, coisa que este governo não faz”, afirmou.

Após a fala, deputado do PCdoB e do PT levantaram faixas e cartazes em solidariedade a Lula. Com os dizeres “Lula livre”, as legendas reafirmaram seu posicionamento em defesa do líder petista.

O líder do PT, Paulo Pimenta (RS), enfatizou o caráter político da prisão do ex-presidente. Segundo ele, “Lula não está acima da lei, mas também não está abaixo”.

Comissão externa

Mais cedo, os líderes do PCdoB, Orlando Silva; da Minoria, Weverton Rocha (PDT-MA); da Oposição, José Guimarães (PT-CE); do PT, Paulo Pimenta; do PSB, Júlio Delgado (MG); do PDT, André Figueiredo (CE); e do PSol, Ivan Valente (SP) apresentaram um requerimento ao presidente da Câmara para que fosse criada uma comissão externa para verificar in loco as condições em que se encontra Lula na superintendência da Polícia Federal em Curitiba (PR).

Segundo o pedido, desde a prisão do ex-presidente, circunstâncias “anormais e que afrontam o Estado democrático de direito”, como o áudio gravado durante o voo que levou Lula a Curitiba, estão acontecendo e justificam o pedido.

“Não estamos aqui tratando de disputa entre coxinhas e mortadelas. Estamos tratando das arbitrariedades que envolvem esse processo contra o ex-presidente Lula”, afirmou o líder da Minoria, Weverton Rocha.

De acordo com o requerimento, a comissão não terá ônus para a Casa e será composta por 12 parlamentares.