A líder do PCdoB, deputada Perpétua Almeida (AC), apresentou requerimento para realização de uma comissão geral na Câmara dos Deputados para ouvir o empresário Paulo Marinho sobre o vazamento de informações sigilosas da Operação Furna da Onça. Segundo informações do jornal Folha de S.Paulo, Marinho, que é primeiro suplente de Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e teve papel importante na campanha de Jair Bolsonaro à Presidência da República, afirmou que o atual senador teria sido avisado sobre a operação da Polícia Federal que colocaria em evidência seu ex-assessor Fabrício Queiroz.

Queiroz ficou conhecido por ter movimentado milhões por meio de “rachadiha” no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro. Nesse esquema, funcionários repassavam parte de seus salários ao parlamentar. Segundo o ex-aliado, os policiais teriam segurado a operação, então sigilosa, para que ela não ocorresse no meio do segundo turno, prejudicando assim a candidatura de Bolsonaro na disputa com Fernando Haddad (PT).

Para a líder da legenda, o empresário fez graves denúncias ao jornal e narrou a prática de inúmeras ilegalidades e de abuso de poder por parte de autoridades públicas, motivo pelo qual a Câmara deveria ouvi-lo.

“É de grande importância para esta casa de leis debater as interferências indevidas do presidente da República no funcionamento da Polícia Federal e no vazamento de informações de operações sigilosas com a participação do senhor Paulo Marinho para que, em ambiente democrático e transparente, tenha totais condições de apresentar as provas concernentes aos fatos relatados à imprensa brasileira”, alegou Perpétua no requerimento à Câmara.

Paulo Marinho tem afirmado que possui provas de sua denúncia e disse que irá apresentá-las em depoimento à Polícia Federal que fará parte do inquérito no Supremo Tribunal Federal que apura interferência política de Bolsonaro na PF.  Marinho também pediu proteção policial ao governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel.

Para Perpétua, os relatos de Marinho explicam o “interesse” do presidente da República na PF, sobretudo na sua superintendência no Rio de Janeiro, e cobra ampla investigação das denúncias.

“Bolsonaro tem o mandato legal, mas não autoridade moral para exercê-lo. As denúncias do empresário Marinho, de que ele usou relações privilegiadas na PF para atrapalhar investigações, são gravíssimas! Só revela que foi eleito de forma criminosa, governa de forma criminosa e precisa ser detido”, afirmou.