Ao som de “a UNE somos nós, a mulherada aqui tem voz”, Carina Vitral, nova presidente da União Nacional dos Estudantes, foi homenageada na tarde desta terça-feira (14), na Câmara dos Deputados, em plenário lotado por parlamentares, autoridades e movimentos sociais. Em junho deste ano, mais de 6 mil jovens conduziram Carina à presidência da entidade.

O 54º Congresso da UNE, realizado em Goiânia/GO, foi o maior desde a fundação, com a presença de 4.071 delegados de todo o Brasil. Carina foi eleita pela chapa “O movimento estudantil unificado contra o retrocesso em defesa da democracia e por mais direitos”, com 58,14% dos votos. Moara Correa Saboia, 25 anos, estudante de Engenharia Civil da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), ocupará a vice-presidência da UNE.

Carina tem 26 anos, foi presidente da União Estadual dos Estudantes de São Paulo (UEE-SP) e contribuiu de forma decisiva na conquista do passe livre estudantil nos transporte público do Estado. Com a voz firme, durante a sessão de homenagem, Carina destacou o papel fundamental das mulheres na luta política atual. Para ela, a passagem do cargo de uma liderança como Virgínia Barros para outra mulher “reflete o empoderamento das mulheres, que acontece diariamente no movimento estudantil. É o fortalecimento do feminismo na União Nacional dos Estudantes”.

Desejando sucesso aos novos integrantes da diretoria da UNE, o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), que foi presidente da entidade em 1995, disse: “olhem bem para esses meninos e meninas e percebam como, hoje, a diretoria da UNE tem a cara do Brasil. Mulheres, negros, negras de universidades dos mais distintos recantos do país. Isso é conquista de um processo histórico começado com o presidente Lula, que abriu as portas da universidade para que o povo trabalhador pudesse entrar lá".

Sobre as tentativas patrocinadas pela oposição de emplacar um golpe e novo retrocesso nas políticas educacionais e de inclusão social, Jandira Feghali (RJ), líder do PCdoB na Câmara dos Deputados, falou do papel decisivo dos jovens para a democracia brasileira. “A Bancada do PCdoB está unida na luta contra a redução da maioridade penal e as manobras golpistas. Estamos defendendo a educação, a cultura, a democratização da comunicação e toda a plataforma que unifica a sociedade. E a UNE faz parte dessa história, desse processo presente e do futuro.”

A União Nacional dos Estudantes foi importante na vida democrática do país, quando nas ruas contra a ditadura militar e na defesa do patrimônio nacional, como na campanha “O Petróleo é Nosso”, onde foi protagonista, culminando na criação da Petrobras, em 1953. Para a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), “a juventude brasileira colaborou para a construção do marco regulatório do petróleo no Brasil, fazendo com que, no período atual, a maior parte da riqueza oriunda do pré-sal, seja destina à educação. E esse mérito ninguém tira. É de vocês.”, acentuou.

Deputadas reafirmam compromisso com estudantes

Emocionada, a deputada Luciana Santos (PCdoB-PE), presidente nacional do PCdoB, destacou sua “relação afetiva com UNE”. “Posso dizer que a minha escola de vida, de formação política se deu nas universidades, onde me forjei como a militante que até hoje sou, da causa do povo brasileiro e da inclusão social e da defesa do Estado nacional. O PCdoB vem aqui com a convicção de que a juventude brasileira sempre jogou um papel decisivo. Sempre foi protagonista de belas páginas da história do Brasil”.     

Membro da Comissão de Educação na Câmara, a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) demonstrou sua solidariedade na caminhada da presidente eleita da UNE. “Vamos trabalhar com você na luta pela efetiva destinação de 75% dos royalties do petróleo e dos 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para a educação. A UNE é escola de democracia e cidadania, é escola de aprendizado da política do mais alto nível.”     
     
Ao final, Carina apontou as principais bandeiras de luta que serão defendidas pela nova gestão da UNE. “Hoje o filho da empregada doméstica estuda na mesma universidade federal que o filho da patroa. Isso é uma conquista nossa. Nós achamos que a educação é um passaporte para o futuro. Mas nós queremos mais. A implementação do Plano Nacional da Educação e os 10% do PIB investidos na educação”. Também constam, na plataforma de atuação da União Nacional dos Estudantes para o próximo período, a regulamentação do ensino superior privado, a ampliação da assistência estudantil, as mudanças na política econômica, a taxação das grandes fortunas e a reforma política democrática com o fim do financiamento privado de campanhas.